Briefing: Os números da semana

No segundo trimestre de 2025, Portugal liderou destacadamente os aumentos de preços da habitação na UE, com uma subida homóloga de 17,2% e em cadeia de 4,7%, valores muito superiores às médias europeias. Este fenómeno de longo prazo, com preços a duplicarem em 15 anos, motivou novas medidas governamentais para responder à crise no setor.

Os escalões de IRS serão atualizados em 3,51% em 2026, conforme portaria governamental.

Embora esta medida, combinada com uma redução adicional de 0,3 p.p. nas taxas, prometa poupanças anuais de dezenas a centenas de euros, fiscalistas alertam para um potencial aumento da carga fiscal real, uma vez que a atualização é inferior ao referencial de 4,6% para os aumentos salariais.

Na próxima semana, prevê-se uma descida nos preços dos combustíveis, com o gasóleo a reduzir 2 cêntimos e a gasolina 0,5 cêntimos por litro. Esta variação ocorre enquanto se discute o fim dos descontos fiscais no ISP, uma medida que, segundo os operadores do setor, poderia acentuar a diferença de preços com Espanha e levar à fuga de consumidores.

Após a venda do Novo Banco por 6,4 mil milhões de euros, os trabalhadores foram excluídos dos prémios, ao contrário dos gestores que receberão 1,1 mil milhões. A Comissão de Trabalhadores considera a situação uma "tremenda injustiça" e exige um prémio equivalente a dois salários para cada funcionário, num total de 25 milhões de euros, argumentando que o sucesso da operação se deve ao seu empenho.

O Governo propôs um pacote de medidas para a habitação que inclui a redução do IVA na construção para 6% em imóveis até 648 mil euros e uma taxa de IRS de 10% para senhorios com "rendas moderadas" até 2.300 euros. Enquanto o setor aplaude a descida do IVA, o valor definido para as rendas e o agravamento do IMT para não residentes geram controvérsia e preocupação.

A EDP Renováveis vendeu 49% de um portefólio de 1.632 MW nos EUA a um fundo da Ares, garantindo um encaixe de 800 milhões de dólares. A transação, que envolve projetos solares, eólicos e de armazenamento com contratos de longo prazo, faz parte da estratégia de rotação de ativos da empresa para financiar o seu crescimento.

Até outubro, o PRR pagou 9.211 milhões de euros aos beneficiários, correspondendo a 41% da dotação total, com 120 milhões transferidos na última semana. As empresas são as maiores recetoras, com 3,29 mil milhões de euros, num plano que já tem aprovações de projetos que superam em 103% o valor disponível.

As receitas turísticas provenientes do mercado brasileiro atingiram um recorde de 681 milhões de euros até agosto, um aumento de 2% face ao ano anterior. Com mais de um milhão de visitantes esperados, os dados indicam um aumento do gasto médio e da duração das estadias, consolidando o Brasil como um mercado estratégico para o turismo português.

Nos primeiros oito meses de 2025, os despedimentos coletivos em Portugal aumentaram 13%, totalizando 359 processos, o número mais alto desde 2020. Mais de 75% ocorreram em micro e pequenas empresas, afetando 5.332 trabalhadores, um aumento de 27,3% em relação ao ano anterior, com as indústrias transformadoras e as tecnologias de informação entre os setores mais atingidos.

Em setembro, o mercado de máquinas agrícolas em Portugal mostrou sinais contraditórios: as vendas de tratores novos cresceram 4,3% em termos homólogos, mas os reboques caíram 16,3%. No acumulado do ano, a tendência geral para os tratores é de queda (-21,4%), enquanto os quadriciclos e empilhadores telescópicos agrícolas apresentam um crescimento robusto.

Incentivos fiscais e a garantia pública levaram os jovens até 35 anos a dominar o mercado de crédito à habitação, representando 59% dos novos contratos até agosto de 2025. O montante médio de crédito para este grupo aumentou 43%, e o recurso a financiamento bancário é significativamente superior, com um rácio LTV de 82%.

Um estudo revelou que 61% dos portugueses não investe, principalmente por falta de poupanças.

Entre os que investem, a preferência recai esmagadoramente em produtos de capital garantido como depósitos a prazo e certificados de aforro, evidenciando uma forte aversão ao risco e uma baixa tolerância a perdas, com quase metade a não aceitar qualquer desvalorização.