Briefing: Os números da semana

O acordo comercial que fixa as tarifas em 15% evita uma guerra comercial, mas impõe custos significativos à Europa, incluindo compromissos de compra de energia e investimento nos EUA. Embora traga estabilidade, gera preocupação em setores-chave como o vitivinícola e o automóvel, sendo visto como uma solução de compromisso e não ideal.

O arranque do projeto de Alta Velocidade Porto-Oiã, com um valor de 1.661 milhões de euros e um prazo de 30 anos, marca um passo decisivo para a modernização das infraestruturas em Portugal. O forte apoio financeiro do BEI (875 milhões) e da UE (480 milhões) viabiliza a obra, que impulsionará significativamente a carteira de encomendas da Mota-Engil.

Apesar de uma quebra nas vendas para 473 milhões de euros devido a um mercado internacional incerto, a Corticeira Amorim manteve a sua rentabilidade, com lucros de 36,8 milhões de euros. A gestão focou-se na eficiência e na redução da dívida, demonstrando resiliência perante os desafios geopolíticos e comerciais.

O FMI está mais otimista, prevendo um crescimento global de 3% para 2025, impulsionado pela moderação das tensões comerciais. A Zona Euro deverá crescer 1%, beneficiando de um efeito estatístico das exportações irlandesas, mas a economia mundial continua a enfrentar riscos significativos devido à incerteza geopolítica.

Com um investimento de apenas 78,7 euros por pessoa em I&D, Portugal ocupa uma das piores posições na UE, muito distante da média de 284,7 euros. Este valor reflete um baixo investimento estratégico em inovação, que compromete a competitividade do país a longo prazo.

No segundo trimestre, a balança comercial portuguesa deteriorou-se, com as exportações a caírem 1,3% – a primeira vez num ano – e as importações a subirem 6,4%. Este desempenho negativo reflete a incerteza económica global e o abrandamento da procura externa.

A Stellantis passou de lucros a um prejuízo de 2,3 mil milhões de euros no primeiro semestre, penalizada por uma quebra de 13% nas receitas e pelo impacto das tarifas dos EUA, que custarão 1,5 mil milhões em 2025. O desempenho reflete um ano desafiador para o setor automóvel europeu.

O preço das casas em Portugal continua a subir, com a avaliação bancária a atingir o recorde de 1.911 euros/m² em junho, um aumento homólogo de 18,1%. A subida é generalizada, acentuando as disparidades regionais e confirmando a forte pressão sobre o mercado imobiliário.

O mercado de trabalho português mostra sinais de fragilidade, com um aumento de 22,1% no número de empresas em 'lay-off' em 2024, para 1.356. A par disto, os despedimentos coletivos também cresceram, afetando mais 59% de trabalhadores, o que indica dificuldades persistentes em alguns setores da economia.

A instabilidade climática provocará uma quebra acentuada na produção de vinho, com Portugal a prever uma redução de 11% e a Europa a enfrentar uma queda de 5%, atingindo o nível mais baixo em 20 anos. As principais regiões produtoras portuguesas, como o Douro e o Alentejo, estão entre as mais afetadas.