Briefing: Encerramentos de urgências esta semana

O encerramento súbito da última urgência de obstetrícia disponível na Margem Sul representou uma falha crítica na prestação de cuidados de saúde, forçando todas as grávidas a procurar assistência em Lisboa e expondo a vulnerabilidade do sistema perante a falta de recursos.

O Governo responsabilizou os médicos tarefeiros pelo encerramento, citando a sua indisponibilidade de última hora e ligando-a a uma nova política para limitar os seus "privilégios", o que intensificou o conflito com estes profissionais essenciais para o funcionamento das urgências.

Os partidos da oposição Livre e Bloco de Esquerda condenaram veementemente a gestão do SNS por parte do Governo, convocando a Ministra da Saúde ao Parlamento e enquadrando o encerramento da urgência como um símbolo do fracasso das promessas do executivo.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, atribuiu o encerramento a uma "falha de planeamento grave" por parte da Direção Executiva do SNS e do Ministério, salientando a inexistência de um plano de contingência numa região de alto risco e exigindo responsabilidades.

O encerramento contradisse diretamente a garantia pública da Ministra da Saúde de que a urgência do Hospital Garcia de Orta estaria totalmente operacional, alimentando acusações de má gestão política e de promessas não cumpridas.

A crise na Margem Sul não foi um caso isolado, mas sim o reflexo de um problema nacional, com pelo menos cinco outras urgências de obstetrícia encerradas e várias condicionadas em todo o país no mesmo fim de semana, devido a uma carência sistémica de especialistas.

Coincidindo com o seu 46.º aniversário, o SNS enfrentou uma dura realidade com o encerramento de urgências, que evidenciou uma crise severa, atribuída pelas ordens profissionais a uma carência crítica e crescente de profissionais de saúde.

Pela segunda vez no mesmo mês, o principal hospital de Évora restringiu as admissões na sua urgência geral devido ao elevado volume de doentes e à falta de pessoal, demonstrando que a crise nos serviços de urgência é generalizada, afetando diferentes regiões e especialidades para além da obstetrícia.

Numa controversa audição parlamentar, o diretor executivo do SNS negou qualquer ligação entre o fecho de urgências e a morte de dois bebés, atribuindo os desfechos a fatalidades clínicas e não a falhas sistémicas, uma posição que foi fortemente contestada.

Perante os receios de encerramento da maternidade de Vila Franca de Xira devido à falta crítica de médicos, a Ministra da Saúde garantiu a sua manutenção, mas admitiu a inevitabilidade de partilhar recursos para gerir a escassez de profissionais na região.