Briefing: Encerramentos de urgências esta semana

O fim de semana foi marcado por uma significativa perturbação no acesso a cuidados urgentes de Ginecologia e Obstetrícia, com múltiplos encerramentos e constrangimentos em hospitais de referência, refletindo a grave carência de médicos especialistas no SNS.

A morte de um homem em Marvão, por ausência da VMER de Portalegre, evidencia uma falha sistémica e recorrente no socorro médico no distrito, atribuída à crónica falta de médicos e que já resultou em múltiplas fatalidades.

O nascimento da bebé Matilde numa ambulância na A1 é um exemplo flagrante das consequências diretas do fecho de urgências de obstetrícia, refletindo uma tendência crescente de partos fora de ambiente hospitalar seguro.

Álvaro Almeida, CEO do SNS, propõe uma política de tolerância ao incumprimento dos rácios médicos para evitar o encerramento de urgências, uma medida pragmática que evidencia a profunda crise de pessoal e gera debate sobre a qualidade e segurança dos cuidados prestados.

A contratação de sete novos especialistas para o Hospital Garcia de Orta, maioritariamente oriundos do setor privado, representa uma intervenção decisiva do Governo para assegurar o funcionamento contínuo da urgência de obstetrícia na crítica região da Península de Setúbal.

A reunião entre os autarcas da área de influência do Hospital de Vila Franca de Xira e a Ministra da Saúde terminou sem soluções imediatas para os encerramentos de urgências, aumentando a incerteza e o receio sobre o futuro dos serviços de saúde na região.

A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, comprometeu-se a não encerrar maternidades, reconhecendo a crise de recursos humanos mas apontando para uma melhoria na gestão das urgências em comparação com o ano anterior, graças ao esforço dos profissionais.

Os sindicatos dos médicos (FNAM) e dos enfermeiros (SEP) acusam o Ministério da Saúde de paralisar as negociações laborais e de uma gestão improvisada, enquanto a tutela acusa a FNAM de duplicidade de discurso, aprofundando o clima de desconfiança e impasse no SNS.

O Governo propõe restringir o acesso ao trabalho a tarefa no SNS para médicos que não integram os quadros, uma medida para combater a despesa e reter profissionais que divide opiniões e antevê um confronto com sindicatos e a Ordem dos Médicos.

O SEP denuncia uma carência estrutural de 20 mil enfermeiros no SNS, resultando num recurso massivo a horas extraordinárias e num elevado nível de exaustão profissional, com especial gravidade nas regiões do Porto e do Algarve.