Briefing: Guerra da Ucrânia vs Rússia

A iniciativa de paz dos EUA para a Ucrânia evoluiu de uma proposta controversa de 28 pontos para uma versão revista, após negociações com Kiev e a UE.

Apesar dos 'progressos' anunciados, os impasses fundamentais sobre território, exército e NATO permanecem, enquanto a diplomacia continua sob a liderança volátil de Washington, que retirou o prazo inicialmente imposto a Kiev.

A União Europeia opôs-se firmemente às cláusulas do plano de paz americano que prejudicam a soberania e a capacidade de defesa da Ucrânia, apresentando uma contraproposta.

Bruxelas exige ser um ator central nas negociações, defendendo que a pressão deve ser exercida sobre a Rússia e que qualquer acordo deve garantir uma paz justa e a segurança a longo prazo para todo o continente.

Moscovo rejeitou firmemente as alterações europeias ao plano de paz americano, considerando-as 'não construtivas', e minimizou o papel diplomático da UE.

A Rússia mantém-se aberta a negociar com base na proposta original dos EUA, procurando um diálogo bilateral com Washington e ignorando as preocupações europeias, enquanto mantém a pressão militar e política sobre a Ucrânia.

A Ucrânia manifestou uma aceitação condicional do plano de paz revisto dos EUA, indicando estar 'pronta para avançar' mas insistindo na necessidade de negociar 'pontos sensíveis'.

As 'linhas vermelhas' de Kiev — integridade territorial, dimensão do exército e adesão à NATO — continuam a ser os principais obstáculos para um acordo definitivo.

A visita do enviado americano Steve Witkoff a Moscovo na próxima semana representa um passo diplomático significativo, confirmando a estratégia de Washington de negociar diretamente com o Kremlin para ultrapassar os impasses no plano de paz.

A iniciativa sublinha o papel central dos EUA como mediador principal, apesar das preocupações europeias sobre a sua marginalização no processo.

A Rússia desencadeou uma vaga de ataques aéreos massivos contra Kiev e infraestruturas energéticas em toda a Ucrânia, causando dezenas de vítimas civis. Esta escalada militar, que ocorre em paralelo com as conversações de paz, é interpretada por Kiev como uma 'resposta terrorista' de Moscovo, destinada a minar a capacidade de resistência do país durante o inverno.

Numa operação de grande significado simbólico, a Ucrânia destruiu um avião experimental russo A-60, concebido para armas a laser, durante um ataque com mísseis à base aérea de Taganrog. A ofensiva evidencia a capacidade de Kiev para atingir alvos estratégicos de alto valor dentro da Rússia, minando a capacidade militar e tecnológica de Moscovo.

A violação do espaço aéreo da Roménia (membro da NATO) e da Moldávia por drones russos aumentou a tensão na região, demonstrando os riscos de alastramento do conflito. Embora sem consequências militares imediatas, os incidentes levaram a uma resposta diplomática por parte da Moldávia e à mobilização de caças da NATO, evidenciando a crescente ameaça híbrida russa no flanco oriental.

A liderança francesa, incluindo o Presidente Macron e o chefe do Estado-Maior do Exército, emitiu fortes alertas sobre a ameaça russa, defendendo que a França deve preparar-se para um conflito de alta intensidade.

Esta mudança de postura inclui a discussão sobre o regresso do serviço militar voluntário, refletindo uma reavaliação estratégica da defesa nacional e europeia.

O chanceler alemão, Friedrich Merz, apelou a uma maior liderança económica e militar da Alemanha e da Europa, refletindo uma mudança na política de defesa do país face à guerra na Ucrânia e à postura dos EUA.

Berlim defende que a Europa deve ser um 'ator soberano' e que qualquer acordo de paz para a Ucrânia necessita do aval europeu para ser sustentável.