Briefing: Guerra da Ucrânia vs Rússia

O processo de paz para a Ucrânia, impulsionado por um controverso plano norte-americano, evoluiu após negociações em Genebra que resultaram numa versão atualizada mais alinhada com os interesses de Kiev. Uma delegação ucraniana viaja agora para os EUA para finalizar os detalhes, enquanto a Rússia se mostra aberta a discutir o plano com Washington, mas rejeita as contribuições europeias, mantendo as negociações num estado de incerteza.

A demissão de Andriy Yermak, figura-chave do governo de Zelensky, na sequência de um escândalo de corrupção no setor energético, fragiliza a administração ucraniana. A sua saída, juntamente com a de outros ministros, ocorre num momento delicado de negociações de paz, levantando questões sobre a estabilidade interna e a capacidade negocial de Kiev.

Um vasto ataque aéreo russo com mísseis e drones atingiu Kiev e outras regiões ucranianas, causando mortos, feridos e extensos cortes de energia. A ofensiva, que visou infraestruturas energéticas e civis, demonstra a contínua pressão militar de Moscovo, mesmo durante um período de intensas negociações diplomáticas para um acordo de paz.

A ponderação da administração Trump em reconhecer a soberania russa sobre a Crimeia e o Donbass marca um ponto de viragem potencialmente decisivo nas negociações de paz. Esta concessão, que alinha Washington com as exigências de Moscovo, aumenta a pressão sobre a Ucrânia e gera alarme na Europa, arriscando a legitimação de conquistas territoriais pela força.

Vladimir Putin reiterou que um cessar-fogo na Ucrânia está condicionado à retirada das forças de Kiev dos territórios que a Rússia anexou. Esta posição maximalista, que reflete as principais exigências de Moscovo, complica os esforços diplomáticos em curso e indica que a Rússia não pretende ceder nas suas reivindicações territoriais, mantendo a pressão militar como principal instrumento de negociação.

A União Europeia posicionou-se firmemente nas negociações de paz, apresentando uma contraproposta que visa proteger a soberania e a capacidade de defesa da Ucrânia, em oposição ao plano inicial dos EUA.

Apesar da rejeição russa, a intervenção europeia conseguiu modificar o quadro negocial, embora a sua influência final permaneça incerta face à dinâmica entre Washington e Moscovo.

A Ucrânia intensificou os seus ataques contra alvos estratégicos russos, atingindo dois petroleiros no Mar Negro e várias infraestruturas energéticas e militares em território russo.

Estas ações de retaliação demonstram a capacidade de Kiev de projetar força para além das suas fronteiras, visando diretamente a economia e a logística de guerra de Moscovo.

A Ucrânia enfrenta uma grave crise de corrupção interna, que levou à demissão dos ministros da Energia e da Justiça, além do chefe de gabinete de Zelensky. A investigação sobre um esquema de desvio de fundos na empresa estatal Energoatom expõe a fragilidade institucional do país e complica os esforços de guerra e as negociações de paz.

A decisão do Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, de não participar numa reunião crucial de ministros da NATO focada na Ucrânia está a causar inquietação na Europa. A sua ausência, num momento de negociações delicadas sobre um plano de paz e de uma visita de um enviado americano a Moscovo, alimenta receios sobre o empenho dos EUA na segurança europeia e a coesão da Aliança Atlântica.

A visita de Viktor Orbán a Moscovo e o seu compromisso em manter as importações de energia russas confirmam a posição da Hungria como um aliado de Moscovo dentro da União Europeia. Esta postura desafia a política de sanções do bloco e a sua estratégia de isolamento da Rússia, evidenciando as fissuras na unidade europeia em relação à guerra na Ucrânia.

Perante a crescente ameaça russa, a França vai reintroduzir uma forma de serviço militar, embora voluntário, para reforçar as suas capacidades de defesa e a resiliência nacional. A iniciativa reflete uma mudança de paradigma na segurança europeia, com vários países a reconsiderarem os seus modelos de recrutamento militar para responder a um ambiente geopolítico cada vez mais instável.

A Rússia intensificou a sua ofensiva militar, reclamando a conquista de novas posições em Donetsk e Zaporizhzhia, incluindo avanços significativos na cidade estratégica de Pokrovsk. Esta pressão no campo de batalha visa fortalecer a posição de Moscovo nas negociações de paz, aumentando a urgência para que Kiev aceite um acordo sob condições desfavoráveis.