Briefing: Governo e oposição

O anúncio do aumento do CSI dominou o debate político, ilustrando a ténue fronteira entre governação e campanha.

A medida foi apresentada pelo Governo como um apoio social necessário, mas foi veementemente recebida pela oposição como uma manobra eleitoralista, com o Presidente da República a apelar à contenção.

A declaração de Pedro Passos Coelho contra as "linhas vermelhas" com o Chega marcou a campanha, expondo diferentes visões estratégicas na direita.

Enquanto o ex-líder defende o pragmatismo pós-eleitoral, a atual liderança do PSD evita o tema, classificando-o como "ruído" que desvia o foco dos problemas locais.

A confirmação da investigação a Ivo Rosa e o seu subsequente arquivamento geraram um intenso debate sobre o funcionamento da justiça. O Presidente da República apelou a uma autorreflexão das magistraturas, enquanto outras vozes políticas questionaram a proporcionalidade e a base da investigação, sublinhando a delicadeza de processos baseados em denúncias anónimas contra juízes.

O incidente no hospital de Gaia catalisou as críticas da oposição à Ministra da Saúde.

PS, Livre e Iniciativa Liberal questionam a sua continuidade no Governo, argumentando que Ana Paula Martins perdeu autoridade política e que os seus planos para o SNS falharam, transformando a saúde num dos principais campos de batalha política.

A campanha em Lisboa revela uma esquerda dividida, com a coligação "Viver Lisboa" a acusar o PCP de potenciar uma vitória da direita ao não se juntar à aliança.

O PCP, por sua vez, contra-ataca, acusando o PS de cumplicidade com a gestão de Carlos Moedas, numa disputa que poderá ser decisiva para o resultado final na capital.

A queixa-crime de Clóvis Abreu contra André Ventura eleva a tensão entre o líder do Chega e o sistema judicial. O caso testa os limites da crítica política e do discurso público, opondo o direito à honra e a não-discriminação à liberdade de expressão de um dirigente partidário sobre uma decisão judicial polémica.

O Governo garantiu o financiamento de 200 milhões de euros para o metrobus entre Guimarães e Braga, um projeto intermunicipal crucial para a mobilidade regional.

Esta decisão desbloqueia uma infraestrutura estratégica que visa ligar os dois concelhos à futura linha de Alta Velocidade, reforçando a aposta do poder central no desenvolvimento dos transportes no Norte do país.

O Governo lançou um novo apoio para jovens desempregados, permitindo-lhes acumular até 35% do subsídio de desemprego com um novo salário.

A medida visa acelerar a entrada no mercado de trabalho e combater o desemprego jovem, que, apesar de em queda, continua a ser uma preocupação social e económica.

O futuro da Azores Airlines está em jogo, com uma reunião agendada para desbloquear o processo de privatização. A pressão da Comissão Europeia e a preocupação dos empresários açorianos aumentam a urgência de uma decisão, que pode ditar a venda, uma negociação particular ou mesmo o encerramento da companhia aérea.

As eleições autárquicas de 2025 são marcadas por um número recorde de candidaturas independentes, muitas nascidas de cisões com os partidos tradicionais, em especial o PS. Este fenómeno, aliado a mudanças de partido e coligações locais inesperadas, demonstra uma reconfiguração do poder local, onde a influência dos movimentos de cidadãos e de figuras individuais desafia a estrutura partidária estabelecida.