Briefing: Governo e oposição

A aprovação do OE2026 com a abstenção do PS assegura a estabilidade política a curto prazo, mas inaugura uma fase de governação sob pressão. O PS evita uma crise política enquanto se posiciona para fiscalizar e negociar medidas específicas, como as pensões, deixando o governo da AD com a total responsabilidade de executar o orçamento e apresentar resultados.

A aprovação da Lei da Nacionalidade com uma maioria de direita, incluindo o Chega, marca uma viragem na dinâmica parlamentar.

O acordo demonstra a pragmática dependência do governo da AD em relação ao Chega para aprovar legislação fundamental, redefinindo as alianças políticas e isolando o PS.

O lançamento da candidatura de João Cotrim de Figueiredo marca a entrada de um forte concorrente no espaço liberal e de centro-direita.

A sua estratégia, focada em atingir a segunda volta e em projetar uma imagem de independência e renovação, apoiada por figuras como José Miguel Júdice, posiciona-o como um elemento disruptivo na corrida presidencial.

Luís Marques Mendes emerge como um dos favoritos na corrida presidencial, fortalecido por apoios estratégicos como o de Durão Barroso e pela liderança em sondagens recentes. A sua campanha, focada na moderação e na experiência, posiciona-o como uma forte alternativa no centro-direita, capitalizando sobre uma vasta rede de influências políticas e sociais.

A perda da liderança nas sondagens levou a candidatura de Gouveia e Melo a uma redefinição estratégica, culminando na aliança com Rui Rio.

Este movimento visa solidificar o seu apoio no espaço do PSD e apresentar uma alternativa clara a Marques Mendes, embora o coloque em rota de colisão com a estrutura oficial do partido.

André Ventura aposta numa estratégia de choque e polarização para a sua campanha presidencial, usando referências à ditadura e mensagens dirigidas a minorias.

Embora esta tática lhe garanta centralidade mediática e mobilize a sua base, gera uma forte condenação dos seus adversários e da sociedade civil, que o acusam de minar os valores democráticos.

A saída de Mariana Mortágua da liderança do Bloco de Esquerda marca o fim de um ciclo e o início de um processo de sucessão num partido em crise de resultados. A escolha de um novo líder, possivelmente José Manuel Pureza, será decisiva para a renovação estratégica do BE e para o seu papel futuro no panorama político da esquerda portuguesa.

A saída de dezenas de militantes, incluindo a ex-líder parlamentar Bebiana Cunha, mergulha o PAN numa crise de liderança e identidade. As acusações de falta de democracia interna e desvio ideológico revelam uma fratura profunda que ameaça a estabilidade e a relevância futura do partido no cenário político nacional.

Marcelo Rebelo de Sousa utilizou a sua autoridade para criticar a instabilidade das políticas de saúde e propor um pacto de regime entre os principais partidos.

Esta intervenção coloca a reforma do SNS no centro do debate político, desafiando o governo e a oposição a ultrapassarem a gestão casuística e a encontrarem um consenso duradouro para o setor.

A homenagem de Luís Montenegro a Cavaco Silva é um movimento estratégico para consolidar a sua liderança e legitimar o seu governo, associando-o a um período de estabilidade e poder hegemónico do PSD.

Este ato simbólico visa reforçar a identidade do partido e projetar uma imagem de continuidade e competência governativa.