Briefing: Crise humanitária em Gaza

A situação dos combatentes do Hamas encurralados em túneis em Rafah representa um grande obstáculo para o cessar-fogo.

Enquanto o Hamas procura uma saída negociada através de mediadores internacionais, a recusa de Israel em conceder passagem segura mantém a tensão elevada, com acusações de violação do acordo e o risco de um colapso da trégua.

O cessar-fogo em Gaza é precário, com um ciclo contínuo de violência e acusações mútuas entre Israel e o Hamas. Ataques israelitas em resposta a alegadas provocações resultaram em centenas de mortes palestinianas desde o início da trégua, pondo em risco os esforços de paz e a transição para uma solução duradoura.

Israel intensificou as suas operações militares na Síria e no Líbano, visando aliados do Hamas e aumentando significativamente as tensões regionais. Estes ataques, justificados por Israel como preventivos, são condenados como crimes de guerra pelos países vizinhos e geram preocupação na comunidade internacional, que apela a investigações sobre as violações do direito humanitário.

O plano de paz americano para Gaza, atualmente na sua primeira fase de cessar-fogo, enfrenta desafios significativos, como a gestão dos combatentes do Hamas nos túneis.

O sucesso das próximas etapas, que incluem o desarmamento e a governação pós-conflito, depende da complexa mediação dos EUA, Egito, Qatar e Turquia, num cenário geopolítico onde a influência da China também desempenha um papel relevante.

O futuro de Gaza está no centro de uma disputa diplomática com duas visões principais: a americana, que propõe uma administração supervisionada por uma força internacional, e a chinesa, que defende a soberania e autogoverno palestiniano.

A rejeição de Israel à participação turca na força de paz e as críticas da China ao plano americano evidenciam os enormes desafios para alcançar um consenso sobre a governação do enclave.

O conflito em Gaza, iniciado pelo ataque do Hamas, provocou uma catástrofe humanitária com um número de mortos superior a 69.000 no lado palestiniano.

A destruição generalizada, a deslocação em massa e as condições de fome levaram a acusações de genocídio contra Israel por parte da ONU, evidenciando o sofrimento extremo da população civil.

A troca de reféns e prisioneiros entre Israel e Hamas avança lentamente, marcada por desconfiança e acusações de violação do acordo de cessar-fogo.

A devolução dos corpos, um processo logisticamente e emocionalmente complexo, tornou-se um barómetro da viabilidade da trégua e da vontade de ambas as partes em cumprir os compromissos assumidos.

O rescaldo do ataque de 7 de outubro desencadeou uma crise de responsabilidades em Israel. A pressão pública por uma investigação independente colide com a abordagem do governo Netanyahu, enquanto o exército demite generais de topo numa admissão clara das falhas de segurança. Este processo de ajuste de contas interno moldará o futuro político e militar do país.

A escalada de ataques israelitas contra o Hezbollah no Líbano criou uma frente de conflito perigosa, minando a estratégia de dissuasão do grupo e intensificando o debate sobre o seu desarmamento.

Enquanto Israel impõe a sua segurança como condição para a estabilidade regional, o governo libanês procura uma solução negociada para evitar uma guerra em grande escala.

O Papa Leão XIV usou a sua primeira viagem apostólica à Turquia e ao Líbano para fazer um apelo veemente contra a proliferação de conflitos globais, com especial atenção ao Médio Oriente. A sua mensagem de diálogo e a sua presença numa região volátil reforçam o papel diplomático da Santa Sé na procura de soluções pacíficas e na solidariedade para com as populações afetadas pela guerra.