Briefing: Presidenciais 2026

A definição da data das eleições para 18 de janeiro de 2026 formaliza o calendário da sucessão presidencial, intensificando a atividade dos múltiplos candidatos e a estratégia dos partidos num cenário que se antecipa como altamente competitivo e fragmentado.

A candidatura de Catarina Martins consolida o campo da esquerda na disputa presidencial, trazendo para o debate temas centrais do seu espaço político e prometendo uma campanha focada na defesa do Estado Social e no combate às desigualdades.

A "gafe" de André Ventura sobre o "Bürgerfest" dominou a atualidade política, servindo de arma de arremesso para os seus adversários e ilustrando a sua tática de confronto contínuo, ao mesmo tempo que expôs fragilidades na sua comunicação.

A iminente candidatura de André Ventura é um fator central na dinâmica das presidenciais, com o líder do Chega a gerir o momento do anúncio para capitalizar a atenção mediática e preparar uma campanha que promete polarizar o debate político.

As posições contrastantes de Gouveia e Melo e Marques Mendes sobre o ataque à embarcação revelam visões distintas sobre a política externa e a defesa dos interesses nacionais, um tema central para o cargo de Presidente da República.

António José Seguro está a desenvolver uma pré-campanha focada em questões sociais e económicas, criticando as falhas do Estado e procurando alianças com a sociedade civil para reforçar a sua imagem de candidato moderado e atento aos problemas do país.

Ao entrar nos últimos seis meses do seu mandato, Marcelo Rebelo de Sousa perdeu o poder de dissolver o Parlamento, uma mudança constitucional que garante a estabilidade do Governo até março de 2026 e que redefine o papel do Presidente como árbitro do sistema político.

Com 17 pré-candidatos anunciados, a corrida presidencial de 2026 caracteriza-se por uma fragmentação sem precedentes, o que aumenta a probabilidade de uma segunda volta e reflete a atual reconfiguração do sistema político português.

A acentuada queda de popularidade de Marcelo Rebelo de Sousa nos últimos meses do seu mandato assinala um fim de ciclo e cria um novo contexto para as eleições presidenciais, abrindo espaço para candidatos que proponham estilos de liderança diferentes.

António Filipe usou a polémica de André Ventura para se afirmar como um candidato sério e institucional, em oposição ao populismo, numa estratégia clara de demarcação política e de mobilização do eleitorado de esquerda contra a extrema-direita.