Briefing: Conflitos, guerras e tensões

O cessar-fogo em Gaza, mediado por Donald Trump, representa um vislumbre de esperança, permitindo o regresso de palestinianos e o início da troca de reféns por prisioneiros.

No entanto, o sucesso a longo prazo do plano de paz enfrenta obstáculos significativos, como a recusa do Hamas em desarmar e a colossal crise humanitária no terreno.

A supervisão internacional, liderada pelos EUA, será crucial para manter a frágil trégua e avançar nas negociações.

A recondução de Sébastien Lecornu como primeiro-ministro por Emmanuel Macron aprofundou a crise política em França, unindo a oposição numa ameaça iminente de moção de censura. A instabilidade governamental, aliada aos desafios económicos e à elevada dívida do país, gera apreensão nos parceiros europeus e coloca em risco a agenda de reformas de Macron.

A atribuição do Nobel da Paz a María Corina Machado destacou a sua luta pela democracia na Venezuela, mas também expôs as tensões geopolíticas, com os EUA a criticarem abertamente a decisão em favor de Donald Trump.

O prémio é visto por muitos como um apoio internacional à oposição venezuelana, embora o seu impacto real na complexa situação política do país permaneça incerto.

A ameaça de Donald Trump de impor tarifas de 100% sobre produtos chineses e controlar exportações de software marca uma nova e perigosa fase na guerra comercial.

A medida, em retaliação às restrições chinesas sobre terras raras, abalou os mercados financeiros e cancelou um potencial encontro diplomático, indicando um aprofundamento das hostilidades económicas entre Washington e Pequim.

Enquanto a Rússia intensifica os ataques a infraestruturas civis na Ucrânia, causando mortes e cortes de energia, o Presidente Zelensky busca vias diplomáticas.

A conversa com Donald Trump e a referência ao acordo de Gaza como um possível modelo para a paz revelam uma estratégia de aproveitar o momento geopolítico para reforçar o apoio militar e explorar novas aberturas para o fim do conflito.

A prolongada paralisação do governo dos EUA, resultante de um impasse político sobre o orçamento, atinge um ponto crítico ao ameaçar, pela primeira vez, o pagamento dos salários dos militares.

A administração Trump aproveita a crise para efetuar despedimentos permanentes de funcionários federais, agravando as perturbações em serviços essenciais e aumentando a pressão sobre os Democratas para cederem nas negociações.

A ameaça de Donald Trump de expulsar Espanha da NATO, embora juridicamente inviável, evidencia as profundas divisões na aliança sobre as metas de investimento em defesa. A reação de Portugal e as clarificações dos estatutos da NATO mostram que, apesar da pressão norte-americana, a coesão da aliança depende de consensos políticos e não de imposições unilaterais.

O massacre de 60 civis num campo de deslocados em Darfur, através de um ataque com drones atribuído às RSF, demonstra a escalada da violência no Sudão. Com a comunidade internacional a alertar para crimes de guerra e execuções étnicas, o conflito continua a agravar a crise humanitária, sem perspetivas de uma solução pacífica a curto prazo.

A recente onda de ataques reivindicada pelos talibãs paquistaneses, que causou 23 mortos, marca uma perigosa escalada de violência na região fronteiriça com o Afeganistão. O incidente agrava as tensões entre o Paquistão e o regime talibã em Cabul, num ciclo de acusações mútuas que mina a estabilidade regional e evidencia a complexa rede de alianças militantes na área.

Os ataques aéreos israelitas no sul do Líbano, que resultaram em vítimas civis, demonstram a fragilidade da segurança na região, mesmo após o cessar-fogo em Gaza.

As acusações de crimes de guerra por parte da ONU e a condenação do Líbano intensificam a pressão sobre Israel, num cenário de tensão contínua com o Hezbollah e de desrespeito pelo direito internacional humanitário.

A confrontação entre Venezuela e EUA no Conselho de Segurança da ONU, com o apoio da Rússia e da China a Caracas, eleva a tensão na região das Caraíbas.

Enquanto a Venezuela denuncia uma iminente agressão militar, os EUA justificam as suas ações como combate ao narcotráfico, num perigoso impasse diplomático que reflete a profunda desconfiança entre os dois países.

O exercício anual 'Steadfast Noon' da NATO reafirma a importância da dissuasão nuclear como pilar da segurança coletiva da aliança.

Embora apresentado como uma manobra de rotina, a sua realização num contexto de tensões com a Rússia e a crescente ameaça de drones sublinha a necessidade de adaptação e prontidão contínuas das forças aliadas para garantir a defesa do território europeu.

A apresentação do míssil Hwasong-20 pela Coreia do Norte representa mais um passo na escalada do seu programa nuclear e balístico, enviando uma forte mensagem de dissuasão.

A ausência de Xi e Putin no desfile pode indicar nuances nas relações diplomáticas, mas a demonstração de poder militar reforça a postura desafiadora de Pyongyang perante a comunidade internacional.

O crescente recurso a 'frotas fantasma' para contornar sanções económicas representa um desafio significativo para a comunidade internacional.

A declaração do G7 assinala uma vontade política de intensificar a fiscalização e a cooperação para combater estas práticas ilícitas, que não só enfraquecem as sanções contra regimes como o da Rússia, mas também aumentam os riscos de segurança e ambientais no transporte marítimo.