Briefing: Conflitos, guerras e tensões

As recentes incursões de drones em múltiplos países da NATO, como a Dinamarca, intensificaram as preocupações com uma "guerra híbrida" atribuída à Rússia. A Aliança Atlântica considera os incidentes uma ameaça séria, levando dez países da UE a planear um "muro de drones" para reforçar a defesa aérea e coordenar uma resposta coletiva a esta nova forma de provocação geopolítica.

A central nuclear de Zaporíjia está a operar com geradores de emergência após a Rússia ter cortado a sua ligação à rede ucraniana. Kiev acusa Moscovo de tentar "roubar" a central, aumentando o risco de um desastre nuclear, enquanto a AIEA expressa profunda preocupação e apela à segurança da instalação.

A flotilha para Gaza intensificou as tensões diplomáticas, com apelos por proteção de França e Bélgica e a condenação de ataques por ONGs.

Apesar dos contratempos e da recusa em desviar a rota, a iniciativa avança, enquanto sindicatos europeus se organizam para boicotar cargas militares para Israel, refletindo uma crescente mobilização internacional em torno do conflito israelo-palestiniano.

Na ONU, a tensão sobre Gaza foi evidente com o boicote ao discurso de Netanyahu, que prometeu continuar a ofensiva, enquanto os EUA e a Turquia anunciavam progressos para um acordo de paz. No terreno, a crise humanitária aprofunda-se com bombardeamentos contínuos, um êxodo massivo de civis e a suspensão de ajuda médica crucial por parte da MSF.

A reimposição de sanções da ONU ao Irão, impulsionada pelo E3, elevou a tensão nuclear, com Teerão a rejeitar as exigências dos EUA e a ameaçar com retaliações. Simultaneamente, o Irão aprofundou a sua aliança com a Rússia através de um acordo para a construção de quatro centrais nucleares, mantendo, no entanto, a presença de inspetores da AIEA no seu território.

A justiça síria emitiu um mandado de prisão internacional contra o ex-presidente Bashar al-Assad por crimes contra a humanidade cometidos em 2011.

A medida, que pode ser executada via Interpol, visa responsabilizar o antigo líder, atualmente exilado na Rússia, e outros membros do seu regime pela repressão violenta durante as revoltas populares.

A Ucrânia anunciou um plano para se tornar exportadora de armas, utilizando a produção excedentária para financiar a aquisição de tecnologia militar crítica. O presidente Zelensky garantiu que as exportações serão controladas para não comprometer as necessidades do exército, enquanto procura também utilizar ativos russos congelados para apoiar o esforço de guerra e a reconstrução.

O governo dos EUA revogou o visto do presidente colombiano, Gustavo Petro, após este ter apelado à desobediência dos soldados americanos durante um protesto pró-Palestina em Nova Iorque.

A medida reflete uma deterioração acentuada nas relações diplomáticas, com Washington a classificar as ações de Petro como "incitadoras e imprudentes".

As eleições legislativas na Moldova decorrem sob forte tensão, com acusações de uma campanha de desestabilização orquestrada pela Rússia. A exclusão de um partido pró-russo e a detenção de suspeitos na Sérvia evidenciam a interferência externa, enquanto o presidente Putin ameaça rever a sua relação com a OSCE, num claro sinal de confronto geopolítico.

A inclusão da empresa portuguesa Steconfer numa lista da ONU de empresas ligadas a colonatos israelitas ilegais gerou controvérsia. Enquanto a empresa se defende, alegando neutralidade e pedindo a sua remoção, Israel rejeita a lista, acusando a ONU de parcialidade, o que evidencia as complexas implicações económicas e diplomáticas do conflito.

A diplomacia em torno de Gaza vive um momento de contradições, com os EUA e a Turquia a anunciarem um acordo de paz iminente, que poderia incluir uma autoridade de transição liderada por Tony Blair. No entanto, a postura inflexível de Benjamin Netanyahu e a mobilização de dezenas de países contra as ações de Israel demonstram que o caminho para uma solução duradoura continua repleto de obstáculos.