Briefing: Tarifas e guerra comercial

A aplicação de tarifas de 15% pelos EUA sobre bens da UE causou uma quebra significativa no comércio transatlântico, reduzindo drasticamente o excedente comercial europeu.

A medida afeta setores chave e força as empresas a reavaliar as suas estratégias financeiras, num cenário de crescente incerteza económica global.

A disputa comercial entre os EUA e a China, marcada por ameaças de tarifas elevadas, continua a gerar incerteza e volatilidade nos mercados financeiros globais.

O setor tecnológico, em particular a Apple, tem sido diretamente afetado, enquanto os investidores reagem de forma sensível a qualquer desenvolvimento, positivo ou negativo, nas negociações entre as duas maiores economias mundiais.

A intervenção do governo holandês na Nexperia, pressionado pelos EUA, desencadeou uma crise na cadeia de abastecimento de semicondutores para a indústria automóvel europeia.

A retaliação da China e a incapacidade da Nexperia em garantir entregas colocam a produção de veículos em risco iminente, evidenciando a vulnerabilidade da Europa na guerra tecnológica entre as duas superpotências.

Os EUA estão a utilizar uma política de "pau e cenoura" com o setor automóvel, combinando tarifas de 25% sobre camiões importados com reembolsos para a produção local.

Esta estratégia já motivou investimentos significativos, como o da Stellantis, que visa aumentar a sua produção nos EUA para mitigar o impacto das taxas e reforçar a sua competitividade no mercado norte-americano.

A aplicação de uma tarifa de 15% pelos EUA sobre a pedra ornamental portuguesa, agravada pela desvalorização do dólar, aumentou os custos de exportação em 40%.

Esta situação ameaça a competitividade do setor num mercado crucial de alto valor, embora Portugal mantenha alguma vantagem face a concorrentes como a China, que enfrenta taxas mais elevadas.

A imposição de tarifas pela UE sobre veículos elétricos chineses intensificou as tensões comerciais com Pequim, que apela ao diálogo e ao livre comércio.

Esta medida protecionista europeia já influenciou as estratégias de empresas como a Great Wall Motor e insere-se num quadro mais vasto de disputas comerciais entre os dois blocos económicos.

Contrariamente às expectativas, o comércio global mostrou uma forte resiliência face ao aumento das tarifas dos EUA, crescendo a um ritmo recorde.

Em vez de uma contração, o mercado assiste a uma reconfiguração das rotas comerciais, com a China a diversificar os seus parceiros, o que tem mitigado o impacto económico do protecionismo.

As tarifas comerciais estão a ter um impacto direto e negativo nos resultados financeiros de grandes multinacionais.

Empresas como H&M, Nike, Porsche e Nestlé enfrentam margens de lucro reduzidas e são forçadas a reavaliar as suas estratégias, seja através de aumentos de preços, reestruturação ou procurando acordos para mitigar os custos adicionais.

A Apple está a gerir ativamente os riscos da guerra comercial EUA-China através de uma estratégia dupla.

Por um lado, negoceia isenções tarifárias e investe nos EUA para cumprir as exigências políticas americanas; por outro, aprofunda a sua cooperação com a China para proteger a sua produção e o seu acesso a um mercado vital, demonstrando uma complexa diplomacia corporativa.

O ouro atingiu valores recorde, impulsionado pela incerteza decorrente da guerra comercial EUA-China e outras tensões geopolíticas.

Os investidores procuram o metal precioso como um ativo de refúgio, antecipando uma política monetária mais flexível nos EUA e uma desvalorização do dólar, o que solidifica o ouro como uma proteção contra a instabilidade económica global.