Briefing: Tarifas e guerra comercial

O acordo EUA-China proporciona um alívio imediato nas tensões comerciais, com reduções tarifárias e suspensão de controlos sobre produtos críticos como as terras raras, beneficiando indiretamente a UE.

No entanto, a incerteza sobre a estabilidade a longo prazo desta trégua mantém os mercados e os exportadores em estado de alerta.

As tarifas dos EUA estão a erodir severamente os lucros dos construtores automóveis europeus, forçando-os a absorver custos bilionários e a reajustar estratégias.

Embora o alívio sobre peças ofereça algum suporte, as novas taxas sobre veículos pesados mantêm a pressão sobre o setor.

A crise da Nexperia, desencadeada por tensões geopolíticas, resultou num choque de abastecimento de semicondutores que ameaça paralisar a indústria automóvel europeia.

Com consequências diretas em Portugal, como o 'lay-off' na Bosch Braga, o setor apela a uma solução política e a medidas de apoio para mitigar o impacto no emprego e na produção.

A UE impôs uma tarifa de 50% sobre o aço importado para proteger a sua indústria da concorrência chinesa, uma medida que a Comissão Europeia considera essencial para a reindustrialização.

Contudo, o setor metalúrgico português alerta que esta decisão poderá comprometer a competitividade, as exportações e o investimento a nível nacional e europeu.

Face à pressão tarifária, empresas como a Mattel, McCormick e Schneider Electric estão a reconfigurar as suas operações, internalizando riscos, diversificando fornecedores e investindo em mercados locais.

Estas medidas sublinham a importância da agilidade na cadeia de abastecimento como ferramenta estratégica para manter a competitividade global.

A indústria portuguesa alertou a Comissão Europeia para a dupla ameaça das tarifas americanas e dos elevados custos energéticos, defendendo uma ação europeia coordenada para garantir a competitividade.

A CIP sublinhou a urgência de medidas contra a concorrência desleal e a necessidade de reforçar as infraestruturas energéticas.

Apesar de ter sido apresentado como um compromisso político, o acordo tarifário entre a UE e os EUA é percebido negativamente pelas empresas da zona euro, que reportam impactos adversos nas exportações, aumento da concorrência interna e pressão sobre as margens de lucro, segundo um inquérito do BCE.