Briefing: Crise no Médio Oriente

A morte do comandante do Hamas, Raed Saad, num ataque israelita durante o cessar-fogo, evidencia a fragilidade da trégua.

A operação eliminou uma figura-chave do Hamas, mas provocou uma repreensão dos EUA a Israel, sublinhando as tensões diplomáticas e o risco de escalada.

A população de Gaza enfrenta uma catástrofe humanitária, com mortes por frio e inundações a somarem-se às vítimas do conflito.

As restrições à entrada de ajuda, especialmente abrigos e materiais de reparação, impedem as agências humanitárias de mitigar o sofrimento de quase 800 mil deslocados em risco.

A Cisjordânia regista uma escalada de violência sem precedentes, com mais de mil palestinianos mortos desde outubro de 2023. Ataques de colonos, operações militares e a retórica inflamatória de ministros israelitas, condenada pela ONU, alimentam um ciclo de instabilidade que ameaça a viabilidade de uma solução pacífica.

A fronteira israelo-libanesa permanece volátil, com ataques israelitas contínuos contra o Hezbollah e incidentes envolvendo forças da ONU.

Estes confrontos, que violam o cessar-fogo, refletem a complexa dinâmica regional, incluindo a influência do Irão e a pressão internacional sobre o Líbano para desarmar o Hezbollah.

A morte de três norte-americanos num ataque do Estado Islâmico em Palmira, Síria, revelou falhas de segurança significativas, pois o atirador era um membro radicalizado das forças sírias. O incidente desencadeou uma promessa de retaliação dos EUA e uma investigação interna na Síria, evidenciando a contínua ameaça jihadista e os riscos de infiltração.

A legalização de 19 colonatos israelitas na Cisjordânia foi condenada por palestinianos e criticada pela ONU como uma violação do direito internacional. A medida, impulsionada por ministros de extrema-direita, é vista como um passo para consolidar a anexação do território e um sério obstáculo à paz e à solução de dois Estados.

A comunidade internacional, liderada pelos EUA e Qatar, avança com planos para o pós-guerra em Gaza, centrados na criação de uma força de estabilização internacional. Enquanto se discute a implementação desta força, potências como a China e a Arábia Saudita, juntamente com a Autoridade Palestiniana, continuam a defender a solução de dois Estados como o caminho para uma paz duradoura.

A UNRWA, pilar da ajuda humanitária aos palestinianos, enfrenta uma crise multifacetada.

Enquanto países árabes e muçulmanos reafirmam o seu apoio "indispensável" e condenam ações israelitas contra a agência, a UNRWA luta contra restrições de ajuda em Gaza e ordens de demolição na Cisjordânia, operando sob imensa pressão política e operacional.

O Irão consolida a sua influência através de uma rede de alianças estratégicas, desde o apoio militar ao Hezbollah no Líbano até uma profunda cooperação com a Venezuela para contornar sanções.

Esta estratégia, vista pelos EUA como uma ameaça multifacetada, posiciona Teerão como um ator central em vários focos de tensão global, desafiando a ordem internacional liderada por Washington.

A China aprofunda a sua parceria estratégica com a Arábia Saudita, focando-se na coordenação de políticas regionais e no apoio à solução de dois Estados para a Palestina. Esta aproximação, que inclui a mediação de conflitos como o Irão-Arábia Saudita, posiciona Pequim como um ator diplomático cada vez mais influente no Médio Oriente.