Briefing: Crise na habitação

O novo pacote de habitação do Governo, centrado em incentivos fiscais como a redução do IVA e a criação de 'rendas moderadas', polarizou o debate político. Enquanto o Executivo e o Presidente da República defendem as medidas como uma necessária 'intervenção de choque', a oposição critica-as por considerá-las desajustadas da realidade do país e potencialmente inflacionárias.

Os dados sobre o mercado de arrendamento e a dificuldade de emancipação dos jovens confirmam a severidade da crise da habitação em Portugal.

Com custos a aumentar a um ritmo superior ao dos salários, a acessibilidade torna-se um dos maiores desafios sociais e económicos do país, alimentando o debate sobre a eficácia das respostas políticas.

A crise da habitação é um tema incontornável na agenda autárquica, com os candidatos a proporem um leque variado de soluções, desde a reabilitação de devolutos e gestão de bairros sociais até à pressão sobre o Governo para a libertação de fundos. A diversidade de propostas evidencia a necessidade de respostas locais para um problema de dimensão nacional.

A garantia estatal para o crédito à habitação jovem demonstrou ser uma ferramenta crucial para facilitar o acesso à compra de casa, com uma adesão expressiva no primeiro semestre de 2025. Embora alivie a necessidade de capital próprio, o programa resulta em taxas de esforço mais elevadas para os beneficiários, mantendo em aberto o debate sobre os melhores modelos de apoio público.

O crescimento do 'stock' de crédito à habitação para máximos de 17 anos evidencia uma forte dinâmica no mercado imobiliário, mas também acende um alerta sobre o nível de endividamento das famílias portuguesas. A elevada procura, aliada a preços altos e a programas de apoio ao crédito, está a impulsionar um ciclo de endividamento que merece monitorização atenta.