Briefing: Crise na habitação

A medida de isenção de IMT para jovens, embora popular, exacerbou o desequilíbrio entre uma procura crescente e uma oferta em queda, contribuindo para a subida dos preços e colocando em causa a sua eficácia como solução para a crise de acessibilidade à habitação.

A elevada procura e os preços persistentemente altos consolidam a crise no arrendamento, tornando o acesso à habitação uma dificuldade estrutural para a maioria da população, apesar de uma ligeira melhoria na oferta de imóveis.

O debate político sobre a habitação intensifica-se com propostas de ambos os lados do espectro político, mas a concretização de soluções eficazes e de longo prazo continua a ser o principal desafio para responder à emergência habitacional que afeta o país.

A estabilização das taxas Euribor em valores superiores a 2% continua a pressionar os orçamentos familiares com crédito à habitação de taxa variável, mantendo a incerteza sobre o custo do crédito nos próximos meses, dependente das futuras decisões do BCE.

O segmento de luxo continua a valorizar-se e a atrair investimento, com preços a atingir valores recorde em localizações exclusivas, o que evidencia um mercado imobiliário a duas velocidades e a crescente dificuldade de acesso à habitação para a população em geral.

O dinamismo na criação de empresas e o lançamento de novos projetos imobiliários demonstram a vitalidade do setor. No entanto, o foco em projetos de gama média-alta e turísticos não responde diretamente à carência de habitação a custos controlados, acentuando a crise de acessibilidade.

O caso dos migrantes no Algarve ilustra a pressão que a imigração exerce sobre as infraestruturas de habitação e acolhimento, revelando a impreparação do Estado para lidar com chegadas irregulares e a urgência de criar soluções de alojamento adequadas.

Os novos programas representam uma iniciativa governamental para enfrentar a pobreza energética e promover a sustentabilidade no parque habitacional, utilizando fundos do PRR para melhorar o conforto térmico e reduzir as faturas de energia das famílias.

A decisão entre amortizar o crédito habitação e investir não tem uma resposta única, dependendo do perfil de risco e dos objetivos de cada um, mas evidencia a necessidade de maior literacia financeira para tomar decisões informadas no atual cenário económico.

A inovação no setor financeiro, através de fintechs como a FINANCE21 e a chegada de novos bancos digitais, procura simplificar o acesso ao crédito habitação, um dos maiores desafios para os compradores de casa em Portugal.