Briefing: Encerramentos de urgências esta semana

O plano de reorganização das urgências obstétricas propõe a mobilidade de equipas médicas entre 12 maternidades como solução para a falta de especialistas. A medida, que visa otimizar recursos e evitar encerramentos, implicará a concentração de serviços em algumas regiões e o fecho de urgências específicas, como a do Barreiro e a pediátrica de Torres Novas, aguardando agora a negociação com os sindicatos.

O anunciado encerramento da urgência de obstetrícia do Hospital do Barreiro motivou protestos de utentes, sindicatos e autarcas. Os manifestantes consideram que a concentração de serviços em Almada prejudica os cuidados de proximidade, sobrecarrega o Hospital Garcia de Orta e ignora as necessidades de uma população de mais de 800 mil habitantes na Península de Setúbal.

O plano de reorganização da saúde para a região do Médio Tejo propõe o encerramento da urgência pediátrica de Torres Novas. A medida, justificada pela necessidade de corrigir a separação entre os serviços de pediatria e obstetrícia na região, visa centralizar os cuidados materno-infantis mas gera preocupações sobre o acesso das populações a cuidados de emergência.

A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, insiste na necessidade de reorganizar as urgências regionais devido à falta de recursos, mas nega a intenção de forçar a mobilidade de médicos.

A governante assegura que está a ser preparado um diploma, a ser negociado com os sindicatos, que prevê compensações pelas deslocações de equipas multidisciplinares.

A Ordem dos Médicos e a Fnam opõem-se veementemente à transferência forçada de obstetras do Barreiro para Almada, classificando a medida como lamentável e ineficaz.

As entidades alertam que a maioria dos médicos em questão já não tem idade para fazer urgências e que a coação poderá levar a mais rescisões de contrato com o SNS, agravando a crise no setor.

A falta de vagas em cuidados intensivos e de equipas cirúrgicas completas nos hospitais de Lisboa obrigou à transferência urgente de um recém-nascido em risco de vida para Coimbra. O caso, que culminou numa cirurgia bem-sucedida a mais de 200 km do local de nascimento, evidencia as graves lacunas na capacidade de resposta da rede de saúde da capital.

A escassez de médicos especialistas obrigou ao encerramento total das urgências de obstetrícia em Aveiro e Santarém durante o fim de semana.

Várias outras unidades hospitalares em todo o país, incluindo Braga e Amadora-Sintra, funcionaram com acesso condicionado, aceitando apenas doentes encaminhados pelo INEM ou SNS 24, evidenciando a contínua crise no setor.

Um homem morreu no Hospital do Barreiro após esperar sete horas na urgência e ser erradamente dado como "alta por abandono" por um médico.

A família encontrou-o numa maca em estado deplorável.

O hospital admitiu a falha e a IGAS está a investigar o caso, que a ERS considerou uma violação dos direitos do utente.

A IGAS e o Ministério Público estão a investigar a morte de um bebé de 11 meses em Idanha-a-Nova, após a mãe denunciar que o atendimento no centro de saúde local foi recusado por ser perto da hora de fecho. A criança sofreu uma paragem cardiorrespiratória à porta da unidade, levantando questões sobre o acesso a cuidados de emergência.

A IGAS concluiu que três das doze mortes ocorridas durante a greve do INEM em 2024 estão associadas a atrasos no socorro.

A investigação apontou falhas no atendimento do CODU, nomeadamente num caso em Mogadouro, e recomendou a instauração de processos disciplinares, enquanto o sindicato do setor criticou a falta de rigor de algumas conclusões.