Briefing: Encerramentos de urgências esta semana

O encerramento simultâneo das urgências obstétricas na Península de Setúbal, devido à falha de médicos tarefeiros, evidenciou uma grave crise no SNS, resultando na ausência de resposta local para grávidas e expondo as falhas no planeamento e na contratação de profissionais de saúde.

A solução do Governo para a crise na Península de Setúbal passa pela criação de uma urgência regional em Almada, suportada pela mobilização forçada de médicos do Barreiro, uma medida que, embora vise garantir a resposta, foi recebida com forte oposição e críticas dos profissionais de saúde.

A resposta unânime dos sindicatos e da Ordem dos Médicos à mobilização forçada de obstetras foi de forte condenação, alertando para a ilegalidade, a falta de exequibilidade da medida devido à carência de médicos no Barreiro e o risco real de agravar a fuga de especialistas do SNS.

A crise nas urgências estendeu-se por todo o país, com encerramentos totais em Aveiro e acesso condicionado em hospitais de Braga, Santarém, Leiria e da área de Lisboa, evidenciando uma carência de recursos humanos que afeta a resposta do SNS a nível nacional.

O fecho de urgências de obstetrícia resultou num aumento expressivo do número de partos em ambulâncias, com os registos de 2025 a ultrapassarem já o total do ano anterior, evidenciando o risco acrescido para grávidas e recém-nascidos.

O plano para estabilizar a urgência de obstetrícia do Hospital Garcia de Orta falhou devido à incapacidade de contratar o número de médicos prometido, expondo as dificuldades do SNS em competir com o setor privado e em garantir a estabilidade das suas equipas.

A gestão da crise das urgências na Margem Sul gerou fortes críticas dos autarcas locais, que acusam o Governo de falta de diálogo, de abandonar planos anteriores sem apresentar alternativas viáveis e de tomar decisões que não respondem às necessidades de uma população em crescimento.

O Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, apoiou as medidas do Ministério da Saúde para as urgências de Setúbal, afirmando que o Governo está focado na eficácia das soluções e não na sua popularidade, e que irá esgotar todas as vias para garantir uma resposta aos utentes.

A crise nas urgências impulsionou o debate sobre a reorganização da rede, com propostas para concentrar serviços em urgências regionais e uma revisão, por parte da Ordem dos Médicos, dos rácios que definem as equipas, visando adequá-los à realidade atual do SNS.