Briefing: Guerra da Ucrânia vs Rússia

A proposta de cimeira entre Trump e Putin em Budapeste representa um esforço diplomático de alto nível, mas enfrenta ceticismo de Moscovo, oposição de vários aliados europeus e desafios logísticos e legais significativos, incluindo o mandado de captura do TPI contra Putin.

A sua concretização e os seus potenciais resultados permanecem incertos, refletindo as profundas divisões sobre a melhor forma de alcançar a paz na Ucrânia.

A proposta de Trump para um cessar-fogo baseado na linha da frente atual foi aceite como ponto de partida para negociações pela Ucrânia e seus aliados europeus. Contudo, existe uma linha vermelha clara: a recusa em aceitar a alteração de fronteiras pela força, o que indica que qualquer acordo de paz duradouro terá de respeitar a soberania e integridade territorial da Ucrânia.

Moscovo recusa um cessar-fogo imediato sem que as suas condições sejam atendidas, incluindo a neutralidade da Ucrânia em relação à NATO e a cedência de territórios.

Esta posição, articulada por Serguei Lavrov e pelo Kremlin, representa um grande desafio para os esforços de paz liderados pelos EUA, indicando que a Rússia não está disposta a aceitar um congelamento do conflito sem ganhos estratégicos e territoriais significativos.

O pedido ucraniano de mísseis Tomahawk foi negado por agora pelos EUA, refletindo a hesitação de Donald Trump em escalar o conflito antes das negociações com a Rússia.

Enquanto Kiev vê estas armas como um trunfo para forçar a paz, Moscovo considera o seu fornecimento uma linha vermelha, deixando a questão como um ponto de tensão crucial para o futuro do apoio militar americano.

A Rússia está a levar a cabo uma campanha sistemática de bombardeamentos contra o setor energético ucraniano, causando apagões e danos significativos.

Esta tática de guerra, que se intensifica com a chegada do inverno, visa criar uma crise humanitária e pressionar Kiev, sublinhando a urgência do reforço das defesas aéreas da Ucrânia.

A União Europeia está a tomar medidas concretas para fortalecer a sua defesa coletiva, com a "Muralha de Drones" a emergir como um pilar central da sua nova estratégia de segurança. O plano reflete uma mudança de paradigma, passando de uma postura reativa para uma preparação a longo prazo face à ameaça russa, embora o seu financiamento continue a ser um desafio significativo.

A UE está a formalizar o fim da sua dependência do gás russo, estabelecendo um prazo final para 2028.

Esta medida representa uma sanção económica significativa contra a Rússia e um passo estratégico para a segurança energética europeia, apesar de implicar desafios de adaptação para os Estados-Membros que ainda importam energia russa, como Portugal.

O aviso da Polónia a Vladimir Putin realça o risco legal que o presidente russo corre ao viajar pela Europa.

A ameaça de execução do mandado do TPI complica a logística da cimeira de Budapeste e expõe as diferentes abordagens dos Estados-Membros da UE, divididos entre a obrigação legal de deter Putin e a vontade de facilitar o diálogo diplomático.

Face a uma diminuição geral da ajuda, os EUA e a NATO estão a implementar novos modelos de financiamento, como a iniciativa PURL, para garantir um fluxo contínuo de armamento para a Ucrânia. Os avultados pacotes de ajuda anunciados pela Alemanha e a participação de outros países, incluindo Portugal, demonstram um esforço renovado para sustentar a capacidade de defesa de Kiev a longo prazo.

O envio de caças Eurofighter alemães para a Polónia é uma demonstração clara do compromisso da Alemanha e da NATO em fortalecer a defesa do seu flanco oriental. A medida visa dissuadir a Rússia e aumentar a capacidade de resposta da Aliança a quaisquer ameaças no espaço aéreo europeu, refletindo a crescente militarização da fronteira oriental.

Os ataques de drones ucranianos em território russo tornaram-se uma tática recorrente e eficaz, demonstrando a crescente capacidade de Kiev para projetar força para além das suas fronteiras.

Apoiados por aliados como o Reino Unido, estes ataques visam desestabilizar a logística russa e aumentar os custos da guerra para Moscovo.