Briefing: Guerra da Ucrânia vs Rússia

A nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA, promovida por Donald Trump, ataca diretamente a soberania e as políticas europeias, gerando uma crise de confiança. A retórica agressiva e a ameaça de interferência política foram repudiadas por líderes da UE, que, no entanto, tentam preservar a aliança transatlântica num momento de crescente instabilidade.

O plano de paz dos EUA, que exige concessões territoriais da Ucrânia, aprofundou a desconfiança entre Washington e os seus aliados europeus.

Kiev recusa liminarmente ceder soberania, enquanto a Europa teme uma “traição” americana que legitime a agressão russa e desestabilize a segurança continental.

A ofensiva diplomática de Volodymyr Zelensky pela Europa visou unificar os aliados europeus contra o plano de paz promovido pelos EUA, que exige concessões territoriais.

As reuniões em Londres, Bruxelas e Roma serviram para reforçar o apoio político, militar e financeiro a Kiev, num momento crucial para o futuro do conflito.

A UE tenta criar um mecanismo inovador para financiar a Ucrânia usando ativos russos, numa forte mensagem política a Moscovo.

Contudo, o plano está refém das preocupações legais e financeiras da Bélgica e da oposição política da Hungria, tornando a cimeira europeia de dezembro um momento decisivo para o futuro do apoio a Kiev.

A Rússia demonstra uma postura inflexível, prometendo continuar a guerra até atingir os seus objetivos e retaliando diplomaticamente contra países da NATO.

A rescisão de acordos militares e as ameaças contra o uso dos seus ativos congelados sinalizam uma escalada na confrontação com o Ocidente.

Enquanto a liderança da NATO alerta para uma ameaça russa iminente e reorganiza a sua estrutura de comando, a aliança debate-se com fissuras internas.

A proposta de saída dos EUA, a desconfiança de aliados como a Dinamarca e a baixa confiança pública na capacidade de defesa europeia revelam a fragilidade da coesão transatlântica.

Apesar do empenho da Ucrânia nas reformas e do forte apoio político de Bruxelas e da maioria dos Estados-membros, o seu caminho para a adesão à UE continua refém do veto da Hungria.

A UE procura estratégias para contornar o bloqueio e manter o dinamismo de um processo de alargamento considerado geopoliticamente essencial.

Enquanto o apoio militar direto à Ucrânia prossegue, como evidenciado pela negociação dos MiG-29 polacos, a Europa acelera o reforço da sua própria capacidade de defesa.

Esta aposta na autonomia estratégica, embora necessária, cria tensões com os EUA e expõe a baixa confiança dos cidadãos europeus nas suas forças armadas.

A guerra entrou numa fase de atrito marcada por ataques a infraestruturas críticas, com a Rússia a tentar explorar a vulnerabilidade da Ucrânia durante o inverno. Kiev responde com ataques de drones de longo alcance, numa escalada que pressiona ambos os lados e agrava a situação humanitária.

A postura assertiva de Donald Trump está a exacerbar as divisões existentes na Europa. A falta de unidade, visível tanto na fragmentação da extrema-direita como nos bloqueios institucionais a iniciativas de apoio à Ucrânia, enfraquece a capacidade de resposta do continente aos desafios geopolíticos impostos por Washington e Moscovo.