Briefing: Crise humanitária em Gaza

O número de mortos na Faixa de Gaza ultrapassou a marca dos 64.000, com as mulheres e crianças a representarem uma parte significativa das vítimas. Estes números, fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza e considerados credíveis pela ONU, sublinham a grave crise humanitária e alimentam o debate internacional sobre a conduta de Israel no conflito.

As Nações Unidas declararam oficialmente o estado de fome em Gaza, onde centenas, maioritariamente crianças, já morreram de desnutrição. A crise é atribuída ao bloqueio de ajuda humanitária por Israel, que enfrenta acusações internacionais de usar a fome como arma de guerra, uma alegação que o governo israelita nega.

A acusação de que Israel comete genocídio em Gaza está a ganhar força, com declarações de uma comissária da UE e da maior associação de especialistas em genocídio do mundo, além do caso em curso no TIJ.

Israel nega veementemente as acusações, enquanto a comunidade internacional permanece dividida sobre como classificar e responder ao conflito.

Israel iniciou uma grande operação militar para ocupar a Cidade de Gaza, mobilizando dezenas de milhares de reservistas. A ofensiva enfrenta oposição interna por parte de famílias de reféns e críticas de organizações humanitárias como o CICV, que alertam para a impossibilidade de uma evacuação segura dos civis.

As negociações para um cessar-fogo em Gaza estão num impasse, com Israel a rejeitar a proposta do Hamas para a troca de reféns e prisioneiros.

A falta de progresso diplomático aumenta a angústia das famílias dos reféns e prolonga o conflito, apesar dos apelos de mediadores como o Qatar e o Vaticano.

A China mantém uma posição dúbia sobre Gaza, combinando uma retórica pró-palestiniana e apoio a resoluções da ONU com a manutenção de fortes laços comerciais com Israel.

A sua relutância em tomar medidas concretas contra Telavive reflete uma estratégia que privilegia a estabilidade económica e a não-ingerência, evitando um envolvimento direto no conflito.

A guerra em Gaza está a ter um impacto catastróficos nas crianças, que enfrentam a perda da educação, fome, doenças e morte.

Com 700.000 crianças fora da escola e centenas a morrer de desnutrição, organizações como a UNICEF alertam para a destruição de uma geração inteira.

A resposta internacional ao conflito em Gaza é fragmentada.

A UE está paralisada por divisões internas, o Reino Unido adota uma postura de pressão diplomática através da ameaça de reconhecimento da Palestina, a Turquia implementa sanções concretas e o Vaticano apela ao diálogo e à solução de dois Estados.

Os EUA propuseram um plano pós-guerra para Gaza que envolve a deslocação da população e uma administração internacional de dez anos para transformar o enclave num centro tecnológico e turístico. O Hamas rejeitou categoricamente a proposta, afirmando que "Gaza não está à venda" e que se opõe a qualquer plano que implique a deslocação do seu povo.

A guerra resultou na destruição quase total das infraestruturas da Faixa de Gaza, transformando cidades em escombros e tornando o território largamente inabitável.

Relatos visuais e de organizações humanitárias confirmam a escala da devastação, que representa um obstáculo crítico para a sobrevivência da população e para qualquer solução futura para o conflito.