Briefing: Crise humanitária em Gaza

O cessar-fogo em Gaza, embora represente um passo importante para o fim das hostilidades, permanece extremamente frágil.

As acusações mútuas de violações, a retomada de ataques e a suspensão da ajuda humanitária demonstram a profunda desconfiança entre as partes e o risco iminente de colapso da trégua.

O plano de paz adota uma estratégia faseada: a primeira fase concentra-se em medidas de emergência, como o cessar-fogo e a troca de reféns por prisioneiros, para estabilizar a situação.

A segunda fase, mais ambiciosa e complexa, visa uma solução a longo prazo através da reconstrução de Gaza, do desarmamento do Hamas e da redefinição da sua governação.

Os Estados Unidos assumiram um papel de liderança decisivo no processo de paz de Gaza. Através da intervenção direta do Presidente Trump, que combina garantias de paz com ameaças de retaliação, e da atuação de enviados especiais no terreno, Washington tem sido a força motriz por detrás da negociação e da tentativa de manutenção do cessar-fogo.

A troca de reféns por prisioneiros marcou um avanço significativo no acordo, garantindo a liberdade dos 20 reféns vivos e de quase dois mil prisioneiros palestinianos. No entanto, o processo permanece incompleto e tenso, com a devolução dos corpos dos reféns falecidos a decorrer lentamente e a ser um ponto de discórdia entre as partes.

A situação humanitária em Gaza é catastrófica, com uma necessidade desesperada de abrigo, alimentos e cuidados médicos após uma guerra que deixou mais de 68.000 mortos e infraestruturas destruídas.

O cessar-fogo permite a entrada de alguma ajuda, mas a reconstrução e a recuperação psicossocial exigirão um esforço internacional massivo e sustentado a longo prazo.

O desarmamento do Hamas e a sua exclusão do poder são condições centrais do acordo de paz, mas a sua implementação é altamente incerta. A reaparição das forças do Hamas e os confrontos internos em Gaza demonstram que o grupo mantém controlo no terreno, criando um conflito direto com os objetivos do plano e tornando o futuro da governação do enclave um dos pontos mais voláteis do processo.

O acordo de paz para Gaza é um produto da colaboração entre os Estados Unidos e mediadores regionais como o Egito, o Qatar e a Turquia. No entanto, a diplomacia em torno do conflito permanece complexa e tensa, como demonstrado pela exclusão do primeiro-ministro de Israel da cimeira no Egito, um reflexo das persistentes divisões políticas no Médio Oriente.