Briefing: Crise humanitária em Gaza

A aprovação da ofensiva militar sobre a Cidade de Gaza, com a mobilização de 60.000 reservistas, assinala uma nova e perigosa fase do conflito, ignorando os esforços diplomáticos para um cessar-fogo e aumentando o risco de uma catástrofe humanitária e de uma guerra regional prolongada.

A aceitação do Hamas a uma proposta de trégua de 60 dias representa uma janela de oportunidade para a paz, mas o sucesso da iniciativa depende inteiramente da resposta de Israel. O governo de Netanyahu enfrenta um dilema entre a pressão para libertar os reféns e as exigências da sua ala de extrema-direita, enquanto os preparativos militares continuam.

Com um número de mortos superior a 62.000 e uma fome generalizada, a crise humanitária em Gaza é uma catástrofe. Acusações de crimes de guerra, como o uso da fome como arma, e a ineficácia da ajuda humanitária sublinham a urgência de uma intervenção internacional para proteger a população civil.

A angústia das famílias dos reféns transformou-se num poderoso movimento de protesto em Israel, desafiando a estratégia de guerra de Netanyahu. O dilema entre negociar a libertação dos cativos e a promessa de destruir o Hamas revela uma profunda fratura na sociedade e no governo israelita.

As reações internacionais, lideradas pela França e pelo Egito, demonstram uma crescente preocupação com a escalada militar de Israel em Gaza. Os alertas sobre uma guerra regional e a firme oposição à deslocação de palestinianos aumentam o isolamento de Israel e sublinham a urgência de uma solução diplomática.

O plano de 'migração voluntária' de palestinianos, apesar de negado publicamente, revela as intenções de setores do governo israelita de esvaziar Gaza da sua população. A proposta, condenada internacionalmente como ilegal e imoral, agrava as tensões regionais, especialmente com o Egito, e mina qualquer perspetiva de uma solução de paz.

A aprovação do plano de expansão de colonatos E1 é uma ação deliberada do governo israelita para impedir a criação de um Estado palestiniano viável.

A medida, condenada internacionalmente, representa um dos maiores obstáculos à paz e arrisca-se a inflamar ainda mais as tensões na Cisjordânia.

Os testemunhos de civis em Gaza, como os do padre Romanelli, revelam a realidade brutal de uma guerra sem tréguas.

A normalização da violência, com bombardeamentos constantes e a ausência de locais seguros, sublinha o custo humano do conflito e a vulnerabilidade da população civil.

As conversações diretas entre a Síria e Israel, um evento raro e significativo, refletem uma reconfiguração geopolítica no Médio Oriente após a queda de Assad.

A mediação dos EUA visa prevenir um novo foco de conflito e estabelecer um mecanismo de estabilização na fronteira, embora a situação permaneça frágil.

A retórica bélica e o desenvolvimento de novos mísseis pelo Irão, juntamente com a memória do recente conflito direto, indicam que a 'guerra sombra' com Israel está à beira de se tornar um confronto aberto. A situação em Gaza serve de catalisador, aumentando o risco de uma escalada regional que poderia envolver múltiplos atores, incluindo os Estados Unidos.