Briefing: Tarifas e guerra comercial

A Altri sofreu uma quebra drástica nos lucros nos primeiros nove meses de 2025, atribuindo-a diretamente às tarifas impostas pelos EUA, que pressionaram os preços das fibras celulósicas, e a variações cambiais desfavoráveis.

Apesar do cenário adverso, que penalizou fortemente a rentabilidade, a empresa antecipa uma melhoria no final do ano com a estabilização das políticas comerciais e uma ligeira recuperação dos preços no mercado global.

A duplicação das tarifas e a redução das quotas de importação de aço pela UE ameaçam a competitividade da indústria metalomecânica portuguesa. Associações como a AIMMAP e a AEMinho alertam para o risco de deslocalização e perda de empregos, propondo ao Governo um plano de mitigação de 414 milhões de euros para proteger o setor mais exportador do país e garantir a sua sustentabilidade.

As tarifas norte-americanas estão a ter um impacto profundo no setor automóvel, levando empresas como a Cupra a desistir do mercado dos EUA, a JLR a registar perdas financeiras e construtores como a GM e a Tesla a repensar as suas cadeias de fornecimento. Em resposta, empresas como a Toyota estão a aumentar o investimento direto nos EUA para contornar as barreiras comerciais, demonstrando uma clara reconfiguração das estratégias globais da indústria.

A UE implementou quotas tarifárias sobre as importações de ferroligas para proteger a sua indústria estratégica, que viu a sua quota de mercado diminuir drasticamente de 38% para 24% em cinco anos. A medida, justificada por um aumento de 17% nas importações desde 2019, visa limitar o volume de produtos que entram no bloco com isenção de taxas, respondendo ao excesso de capacidade global e a restrições noutros mercados.