Briefing: Tarifas e guerra comercial

A ameaça de tarifas de 100% por parte dos EUA sobre produtos chineses, em resposta a restrições de Pequim, causou forte turbulência nos mercados financeiros globais, levando a quedas nas bolsas e a uma corrida a ativos de refúgio. Uma posterior moderação do discurso americano atenuou parte da tensão, mas a imprevisibilidade da política comercial continua a ser uma fonte de grande incerteza para a economia mundial.

A decisão da Comissão Europeia de duplicar as tarifas sobre o aço para 50% e cortar as quotas de importação, visando a reindustrialização, foi recebida com forte oposição de setores como o automóvel e o metalúrgico. As associações industriais alertam para o risco de aumento de custos, perda de competitividade e destruição de empregos, criticando a falta de diálogo e de estudos de impacto.

Uma análise do Banco de Portugal concluiu que as tarifas impostas pelos EUA estão a prejudicar as exportações portuguesas. As empresas, especialmente as de menor dimensão, estão a absorver os custos, o que resulta na redução das margens de lucro e numa contração do volume de vendas para o mercado americano.

O setor têxtil português tem demonstrado uma forte resiliência face às tarifas dos EUA, com uma quebra mínima nas exportações.

Empresas como a Texser continuam a apostar no mercado americano como um vetor de crescimento, superando as barreiras comerciais através da inovação e da especialização dos seus produtos.

A política de tarifas dos EUA está a criar desafios específicos para várias indústrias, incluindo a automóvel, com a Volkswagen a reportar dificuldades, e a de bebidas, afetada por taxas sobre o alumínio. O anúncio de uma nova tarifa de 25% sobre veículos pesados confirma o impacto vasto e disruptivo da estratégia comercial americana.