Briefing: Tarifas e guerra comercial

O acordo EUA-Suíça reduz as tarifas de 39% para 15%, associado a um compromisso de investimento suíço nos EUA, refletindo a política comercial da administração Trump. Apesar deste acordo bilateral, persiste a incerteza sobre o impacto das tarifas de 15% entre os EUA e a UE, que continua a ser um dos principais riscos geopolíticos para os setores financeiro e segurador europeus.

A política de tarifas da administração Trump sobre os automóveis japoneses, que atingiram os 25%, serve como alavanca para exigir investimentos massivos do Japão nos EUA. A Toyota, que já anunciou um investimento de 10 mil milhões de dólares, estima um impacto de 8 mil milhões de euros nos seus lucros, ilustrando o elevado custo económico destas tensões comerciais para a indústria automóvel.

As tarifas impostas pela administração Trump sobre produtos estrangeiros criaram um ambiente de incerteza para a Walmart.

A empresa optou por uma estratégia mista, absorvendo parte do aumento dos custos para não perder clientes, mas admitindo que uma parcela do impacto será inevitavelmente refletida nos preços ao consumidor.

Em resposta às tensões comerciais e às tarifas EUA-China, a General Motors instruiu os seus fornecedores a eliminarem progressivamente os componentes chineses das suas cadeias de abastecimento até 2027.

A medida visa aumentar a resiliência e reduzir a dependência de um mercado geopoliticamente sensível, embora a reconfiguração de cadeias de abastecimento estabelecidas há décadas se apresente como um desafio complexo e demorado.

As tarifas norte-americanas sobre os automóveis alemães são um fator significativo na atual crise da indústria automóvel germânica.

O seu impacto estende-se a setores fornecedores, como o químico, exacerbando as dificuldades económicas e demonstrando a interconexão e a vulnerabilidade das cadeias de valor europeias face a medidas protecionistas.

O Governo português adota uma postura de otimismo cauteloso face às tarifas dos EUA, considerando que o pico da incerteza já foi ultrapassado e que o impacto direto na economia portuguesa é limitado.

Embora crítico da natureza do acordo UE-EUA, valoriza a estabilidade que este trouxe e utiliza a segurança do país como um trunfo para atrair investimento.

As tarifas de importação dos EUA são um fator agravante na crise que atinge a indústria química e farmacêutica alemã, contribuindo para níveis de produção historicamente baixos. O impacto é sentido tanto nas exportações diretas como através da quebra na procura por parte de setores clientes, como o automóvel, também ele alvo de tarifas, o que leva os líderes da indústria a exigir reformas urgentes.

As tarifas comerciais dos EUA permanecem como uma fonte de incerteza para os líderes empresariais em Portugal, influenciando negativamente as perspetivas de crescimento. Apesar de um desempenho de receitas em linha com as expectativas, o ambiente de negócios é marcado por um otimismo moderado, refletindo a preocupação contínua com a instabilidade geopolítica e comercial.

A China está a utilizar o seu domínio no mercado de terras raras como uma arma na sua competição estratégica com os EUA, impondo controlos de exportação que funcionam como uma barreira comercial eficaz. Esta ação foi fundamental para a recente trégua comercial e acelerou os esforços de empresas ocidentais, como a GM, para diversificar as suas cadeias de abastecimento e reduzir a sua dependência estratégica de Pequim.