Briefing: Tarifas e guerra comercial

Um acordo preliminar entre os EUA e a China evitou, para já, a imposição de tarifas de 100% sobre produtos chineses. Em troca, a China considera adiar restrições à exportação de terras raras e aumentar a compra de soja americana, o que impulsionou os mercados financeiros globais na expectativa de um desanuviamento na guerra comercial.

Uma disputa comercial entre a China, os Países Baixos e os EUA sobre a empresa de chips Nexperia resultou em restrições de exportação que ameaçam a produção automóvel na Europa.

Empresas como a Volkswagen e fornecedores como a Bosch estão em alerta, com a Autoeuropa a admitir preocupação, apesar de ter a produção garantida no curto prazo.

A Porsche registou uma quebra de 99% no lucro operacional, atribuída em grande parte às tarifas dos EUA, que representam um impacto de 700 milhões de euros. A empresa está a responder com um plano de reestruturação, aumento de preços e a nomeação de um novo CEO para superar o que descreve como uma "crise enorme".

A União Europeia pretende duplicar para 50% as tarifas sobre o aço importado para proteger a sua indústria siderúrgica.

A medida é criticada pelo setor metalomecânico português, que alerta para a perda de competitividade e para a concorrência desleal, uma vez que os produtos acabados importados não serão sujeitos às mesmas taxas.

Em retaliação à guerra na Ucrânia, os EUA impuseram sanções às petrolíferas russas Lukoil e Rosneft, congelando os seus ativos e proibindo negócios.

Como resultado, a Lukoil anunciou a venda dos seus ativos internacionais e o preço do petróleo disparou nos mercados globais.

Apesar de um recorde de vendas, o lucro da Tesla caiu 37% no terceiro trimestre, com a empresa a citar as taxas alfandegárias como um dos fatores que pressionaram as suas margens.

Este cenário evidencia os desafios da concorrência e das políticas comerciais no setor dos veículos elétricos.

As tarifas comerciais, designadas como "choques tarifários", estão a enfraquecer a economia da Zona Euro, com um impacto particularmente visível nas exportações de países como a Irlanda para os EUA. Este fator contribui para um cenário de crescimento económico quase nulo, evidenciando as consequências macroeconómicas do protecionismo.

As tarifas de importação estão a ser apontadas como uma causa para o aumento de preços em setores essenciais em Portugal. As tarifas norte-americanas são associadas à inflação alimentar, enquanto as taxas sobre produtos médicos contribuem para uma subida projetada de 10% nos custos de saúde.