Briefing: Tarifas e guerra comercial

A redução das tarifas americanas sobre bens chineses de 57% para 47% é um pilar central do recente acordo entre Trump e Xi Jinping, sinalizando uma trégua na guerra comercial com potencial para estabilizar os mercados globais, embora a incerteza sobre a relação futura persista.

A suspensão por um ano da regra que expandiria a lista de restrições tecnológicas a milhares de empresas chinesas foi uma concessão fundamental dos EUA no acordo comercial, aliviando a pressão sobre o setor tecnológico da China e servindo como moeda de troca para contrapartidas de Pequim.

A suspensão por parte da China da exigência de licenças de exportação para terras raras é uma medida de retribuição fundamental no acordo com os EUA, diminuindo o risco de perturbações no fornecimento de materiais críticos para a indústria tecnológica global e demonstrando um esforço para a desescalada comercial.

A duplicação das tarifas da UE sobre o aço para 50% visa proteger a siderurgia europeia da concorrência chinesa, mas criou um conflito com as indústrias transformadoras, como a metalomecânica portuguesa, que alertam para a perda de competitividade, o risco para o emprego e a penalização das exportações.

Os lucros da Volkswagen caíram mais de 50% devido, em grande parte, às tarifas impostas pelos EUA, que, segundo o CFO da empresa, representaram um custo adicional de milhares de milhões de euros.

Este resultado demonstra o forte impacto do protecionismo na indústria automóvel europeia e na sua rentabilidade.

A Mercedes-Benz sofreu uma queda superior a 50% nos lucros, atribuindo o resultado negativo ao impacto combinado das tarifas americanas e a uma significativa quebra de vendas na China.

A situação ilustra a forte exposição da indústria automóvel de luxo europeia às tensões comerciais e às flutuações dos seus principais mercados.

A previsão de prejuízos significativos da Nissan para o ano fiscal reflete o impacto direto das tarifas, que a empresa identifica como um dos principais riscos externos.

A situação da construtora japonesa evidencia a vulnerabilidade global do setor automóvel às políticas comerciais protecionistas.

Empresas como a Mattel, McCormick e Schneider Electric estão a responder ativamente à pressão tarifária, reconfigurando as suas cadeias de abastecimento, diversificando fornecedores e ajustando modelos operacionais.

Estas estratégias demonstram um esforço concertado para internalizar riscos e manter a competitividade num ambiente comercial incerto.

A crise de fornecimento de chips da Nexperia, resultante de tensões geopolíticas entre EUA e China, representa uma ameaça iminente para a produção automóvel na Europa. O impacto já é visível em Portugal com o lay-off na Bosch de Braga, e a indústria aguarda uma solução diplomática para evitar paragens generalizadas.

Existe um consenso crescente, partilhado por instituições como o BCE e por diversos setores industriais, de que as tarifas comerciais representam um obstáculo significativo à indústria transformadora europeia. São vistas não apenas como um custo, mas como um fator de risco geopolítico que gera incerteza e perturba as cadeias de abastecimento.