Briefing: Donald Trump

A renomeação do Departamento de Defesa para Departamento de Guerra é uma ação simbólica da presidência Trump, destinada a projetar uma imagem de força militar e a evocar um passado de vitórias.

A medida, justificada como mais adequada ao contexto global, foi implementada por ordem executiva e está ligada tanto à política externa como a ameaças de intervenção doméstica, apesar da incerteza sobre a sua legalidade formal sem a aprovação do Congresso.

A crescente hostilidade entre os EUA e a Venezuela manifestou-se através de uma forte mobilização militar norte-americana nas Caraíbas, um ataque letal a uma embarcação e trocas de ameaças.

Enquanto Washington enquadra as suas ações como uma luta contra o narcoterrorismo, Caracas denuncia-as como execuções extrajudiciais e uma ameaça à sua soberania, motivada por interesses nos seus recursos naturais.

A política de envio da Guarda Nacional para cidades democratas, sob o pretexto de combater o crime, tornou-se um dos principais focos de tensão interna da administração Trump. A medida enfrentou forte resistência política, protestos populares e um revés judicial significativo que a declarou ilegal em Los Angeles, embora a prática continue noutras jurisdições, alimentando acusações de autoritarismo e abuso de poder.

A política de tarifas de Trump representa uma rutura radical com o comércio livre, provocando perturbações globais, como a suspensão de serviços postais, e uma batalha legal interna que chegou ao Supremo Tribunal.

Apesar das contestações sobre a sua legalidade e impacto económico, a administração defende-a como uma ferramenta essencial para a soberania económica e a segurança nacional.

A rusga na fábrica da Hyundai na Geórgia exemplificou o choque entre a política de imigração rigorosa de Trump e os interesses económicos e diplomáticos internacionais. A detenção em massa de trabalhadores sul-coreanos provocou uma rápida resposta diplomática de Seul, forçando uma negociação para a sua libertação e expondo as complexas repercussões das ações de fiscalização migratória da administração.

A acusação de conspiração de Trump contra a China, Rússia e Coreia do Norte, motivada por um desfile militar em Pequim, ilustra a sua visão de um mundo de blocos antagónicos.

A sua retórica agressiva, combinada com políticas comerciais punitivas contra aliados como a Índia, revela uma política externa que agrava as tensões e vê a diplomacia entre outras potências como uma ameaça direta aos interesses norte-americanos.

A escolha de uma propriedade de Donald Trump para sediar a cimeira do G20 de 2026 reacendeu o debate sobre os conflitos de interesse na sua presidência. Apesar das suas garantias de que não obterá lucro, a decisão é vista pelos críticos como um uso do cargo para promover as suas marcas pessoais, ofuscando a diplomacia com controvérsia ética.

A agenda antivacinas da administração Trump, liderada por Robert Kennedy Jr., provocou uma crise sem precedentes na saúde pública dos EUA.

A demissão da diretora do CDC e a condenação veemente por parte de ex-líderes da agência evidenciam um profundo conflito entre a ideologia política da Casa Branca e o consenso científico, com repercussões diretas nas políticas de saúde estaduais.

A tentativa de Donald Trump de demitir a governadora da Fed, Lisa Cook, representa um ataque direto à independência do banco central dos EUA. A ação, inserida numa campanha mais vasta de pressão por políticas monetárias favoráveis à sua administração, gerou uma batalha judicial e fortes críticas de economistas e líderes financeiros internacionais, que alertam para os riscos sistémicos de politizar a Reserva Federal.

A política da administração Trump para os semicondutores utiliza uma abordagem dupla: ameaça com tarifas para relocalizar a produção nos EUA e impõe restrições de exportação para travar o progresso tecnológico da China.

Esta estratégia afeta diretamente empresas globais como a TSMC e aprofunda a guerra tecnológica entre Washington e Pequim.