Briefing: Crise no Médio Oriente

A crescente vaga de reconhecimento do Estado da Palestina por países ocidentais representa uma mudança diplomática crucial, destinada a preservar a solução de dois Estados. Esta tendência, apoiada por líderes árabes e sinalizada até pelo Japão, visa pressionar por uma resolução pacífica, apesar da forte oposição de Israel e dos Estados Unidos.

António Guterres e líderes árabes alertam que as ações de Israel, especialmente a expansão de colonatos, estão a destruir a solução de dois Estados e a aprofundar o seu isolamento internacional. A crítica centra-se na falta de uma alternativa viável por parte de Israel e na perceção de que o governo israelita procura prolongar o conflito para atingir objetivos expansionistas.

A possibilidade de um cessar-fogo em Gaza está envolta em incerteza, com os EUA a projetar otimismo condicionado à libertação total dos reféns, enquanto o Qatar acusa Israel de sabotar negociações anteriores para prolongar a guerra.

Estas posições antagónicas refletem a complexidade e a falta de confiança que impedem uma resolução para o conflito.

A ofensiva israelita em Gaza é classificada como um genocídio por diversas fontes, resultando numa catástrofe humanitária com dezenas de milhares de mortos e fome generalizada. Ativistas e a ONU denunciam a destruição sistemática do enclave e a punição coletiva da população civil como parte de uma estratégia deliberada de Israel.

A flotilha humanitária para Gaza enfrenta assédio no mar e um impasse com Israel.

Enquanto os ativistas denunciam táticas de intimidação e se recusam a descarregar a ajuda em portos israelitas por receio de obstrução, Israel adverte que impedirá a passagem dos navios, aumentando o risco de um confronto direto.

Mahmud Abbas demarcou-se firmemente do Hamas, exigindo o seu desarmamento e excluindo-o de um futuro governo, ao mesmo tempo que condenou os ataques de 7 de outubro.

Estas declarações, juntamente com a promessa de eleições, visam reforçar a legitimidade da Autoridade Palestiniana e alinhá-la com as expectativas internacionais para uma solução pós-conflito.

Israel mantém uma estratégia militar multifacetada, combinando uma ofensiva contínua em Gaza com apelos a uma rebelião interna contra o Hamas. Ao mesmo tempo, alarga o seu campo de ação com ataques retaliatórios no Iémen, demonstrando uma postura assertiva contra ameaças regionais e a sua determinação em confrontar os aliados do Irão.

Os Estados Unidos propõem uma força militar composta por países árabes e muçulmanos para garantir a estabilidade em Gaza no pós-guerra.

Com o apoio inicial da Indonésia e o compromisso de Trump em impedir a anexação da Cisjordânia, o plano visa criar uma solução de segurança regional que envolva os principais atores do Médio Oriente.

A tensão entre o Líbano e o Irão aumentou depois de o governo libanês ter respondido firmemente às declarações do Ayatollah Khamenei sobre o Hezbollah.

Beirute reafirmou a sua soberania e a exigência de que todas as armas estejam sob controlo estatal, evidenciando a luta interna pela autoridade e o desafio que o poder do Hezbollah representa para o Estado libanês.

As recentes ações de Israel, incluindo o encerramento da fronteira de Allenby e o ataque retaliatório no Iémen, demonstram uma abordagem de segurança robusta e de tolerância zero.

Estas medidas, no entanto, exacerbam as tensões com a Jordânia, isolam a população palestiniana e intensificam o conflito regional com grupos alinhados com o Irão.