Briefing: Crise no Médio Oriente

A situação na fronteira israelo-libanesa é marcada por violações contínuas do cessar-fogo por parte de Israel, que justifica os seus ataques como necessários para conter o Hezbollah. A instabilidade é potenciada por disputas territoriais e pela pressão internacional, nomeadamente dos EUA, para limitar a influência iraniana na região, aumentando o risco de uma escalada militar.

A Síria pós-Assad emerge como um novo tabuleiro geopolítico, com o seu líder de transição, Ahmad al-Sharaa, a navegar habilmente entre Washington e Moscovo.

Esta reabertura diplomática, embora promissora, enfrenta o desafio de garantir uma transição democrática genuína e a estabilidade regional, enquanto gere as complexas relações com as potências internacionais.

A vitória da coligação de al-Sudani nas eleições iraquianas foi recebida positivamente tanto por Teerão como por Washington, evidenciando o papel crucial do Iraque na geopolítica regional.

O desafio para o novo governo será navegar entre estas influências externas, consolidar a democracia interna e responder às exigências de uma população que anseia por estabilidade e prosperidade.

A Faixa de Gaza enfrenta uma grave crise humanitária, onde a ajuda insuficiente e a contínua perda de vidas, mesmo durante o cessar-fogo, pintam um quadro sombrio. A reconstrução e a estabilização a longo prazo são dificultadas pela incerteza política e pela hesitação de atores regionais chave em comprometerem-se com uma força de paz sem um mandato e um plano bem definidos.

A devolução dos restos mortais de reféns como Hadar Goldin traz um encerramento parcial a famílias israelitas, mas a sociedade continua a exigir respostas sobre as falhas de segurança do 7 de outubro. A recusa do governo de Netanyahu em autorizar uma comissão de inquérito nacional evidencia as profundas divisões políticas internas, mesmo perante uma tragédia nacional.

As denúncias de tortura sistemática de detidos palestinianos e a proposta de uma lei de pena de morte agravaram as preocupações sobre a situação dos direitos humanos em Israel. Organizações internacionais alertam que estas práticas e legislações violam o direito internacional e aprofundam a discriminação institucionalizada, num ciclo de violência e impunidade.

O conflito entre o Irão e Israel continua a ser travado nas sombras, através de demonstrações de poderio militar e operações secretas. A exibição de armamento por parte de Teerão e a tentativa de ataque a um diplomata israelita no México ilustram a natureza global e persistente desta rivalidade, que representa uma ameaça constante à estabilidade regional e internacional.

O colapso das negociações de paz entre Afeganistão e Paquistão, marcado por acusações mútuas e a contínua ameaça terrorista do TTP, aprofunda a crise de segurança regional. Sem um compromisso genuíno de ambas as partes para abordar as questões de segurança transfronteiriça, a perspetiva de uma paz duradoura permanece distante, apesar das tentativas de mediação internacional.

Benjamin Netanyahu encontra-se numa posição politicamente vulnerável, cercado por exigências de responsabilização interna pelas falhas do 7 de outubro, pela interferência do seu principal aliado nos seus processos judiciais e por acusações de crimes de guerra por parte da Turquia. Esta convergência de pressões testa a sua liderança e a estabilidade do seu governo.

A política dos EUA para o Médio Oriente sob Donald Trump é caracterizada por um intervencionismo pragmático e, por vezes, controverso.

Desde o apoio à nova liderança na Síria até à pressão sobre o Líbano e a interferência nos assuntos judiciais de Israel, a administração norte-americana procura moldar ativamente o cenário geopolítico da região, equilibrando o apoio a aliados com a contenção de adversários.