Briefing: Crise humanitária em Gaza

O cessar-fogo em Gaza, alcançado através de intensa mediação internacional, marca o fim das hostilidades e o início de um complexo processo de paz. A sua implementação bem-sucedida é vital para a libertação de reféns, a entrada de ajuda humanitária e a transição para negociações sobre o futuro político e a reconstrução do enclave.

A troca de reféns por prisioneiros foi um passo fundamental e complexo do acordo de paz, trazendo alívio a centenas de famílias.

Apesar de concluída com sucesso em relação aos vivos, a questão da devolução dos corpos dos reféns mortos gerou tensões imediatas, sublinhando a fragilidade da confiança entre as partes.

A cimeira de Sharm el-Sheikh formalizou o acordo de cessar-fogo com a presença de dezenas de líderes mundiais, mas foi igualmente palco de tensões diplomáticas. A ausência de Benjamin Netanyahu, alegadamente devido à oposição de líderes regionais como o da Turquia, expôs as profundas divisões que persistem e os desafios para uma paz duradoura.

O plano de paz para Gaza está dividido em duas fases: a primeira, focada no cessar-fogo e em trocas humanitárias, já está em curso.

A segunda fase, que aborda a reconstrução, o desarmamento do Hamas e a futura governação, representa um desafio político e logístico muito maior, cujo sucesso é incerto.

A guerra deixou Gaza numa situação humanitária desesperada, com dezenas de milhares de mortos e infraestruturas vitais destruídas. O acordo de paz permite a entrada de ajuda urgente, mas a reconstrução do enclave será um processo longo e dispendioso, dependente de um esforço internacional concertado e da estabilidade política.

O envolvimento direto do Presidente Donald Trump foi crucial para a concretização do acordo de paz em Gaza. Através de diplomacia pessoal e de um plano de paz ambicioso, a sua administração posicionou-se como o principal arquiteto do cessar-fogo, culminando na cimeira de Sharm el-Sheikh.

O período pós-cessar-fogo em Gaza é marcado pela instabilidade, com o Hamas a tentar reafirmar o controlo enquanto enfrenta confrontos com clãs armados.

O regresso de centenas de milhares de civis a áreas devastadas e as acusações de violações da trégua demonstram a fragilidade da paz no terreno.

A ausência de Benjamin Netanyahu na cimeira de paz foi um evento diplomático significativo, oficialmente justificada por um feriado religioso, mas largamente atribuída à forte oposição de líderes da Turquia e do Iraque.

O episódio revelou as tensas relações regionais que complicam os esforços de paz e a diplomacia no Médio Oriente.

O cessar-fogo põe fim a uma guerra de quase dois anos iniciada com o ataque do Hamas em outubro de 2023, que matou 1.200 israelitas. A subsequente retaliação de Israel causou mais de 67.000 mortes em Gaza e uma destruição generalizada, criando um contexto de profunda tragédia e desconfiança que moldará o futuro da região.

O sucesso das negociações de paz em Gaza dependeu fortemente da mediação de Egito, Qatar e Turquia, que, juntamente com os EUA, utilizaram a sua influência regional e canais diplomáticos para aproximar as partes. O seu papel ativo, desde a facilitação de conversações até à organização de cimeiras, foi fundamental para alcançar o cessar-fogo.