Briefing: Crise humanitária em Gaza

A convergência de condições climatéricas adversas, destruição generalizada e severas restrições à ajuda humanitária criou uma situação de perigo de vida para a população deslocada de Gaza.

As organizações internacionais lutam para responder a necessidades esmagadoras perante barreiras logísticas e políticas que impedem uma assistência eficaz.

A morte do comandante do Hamas, Raed Saad, num ataque israelita não só evidencia a precariedade do cessar-fogo em Gaza, como também revela uma tensão significativa entre as administrações de Netanyahu e Trump, com Washington a ver a sua mediação diplomática ameaçada pelas ações militares do seu aliado.

As contínuas ações militares israelitas e o crescente número de mortos palestinianos desde o início do cessar-fogo demonstram uma trégua precária, onde os termos do acordo são constantemente desafiados, colocando em risco todo o processo de paz.

O plano norte-americano para o pós-guerra em Gaza depende do sucesso da implementação de uma força de estabilização internacional, uma iniciativa diplomática e militar complexa que está a ser negociada em Doha e que visa garantir a segurança na região após uma eventual retirada israelita.

A recusa do Hamas em desarmar-se completamente, embora proponha alternativas como uma trégua de longa duração e uma força de fronteira, constitui um obstáculo fundamental nas negociações de paz, evidenciando o conflito profundo entre as exigências de segurança de Israel e os objetivos políticos do grupo palestiniano.

Perante as acusações e ações de Israel contra a UNRWA, nações árabes e muçulmanas chave uniram-se numa forte defesa diplomática da agência, realçando o seu papel humanitário crítico e exigindo financiamento internacional sustentado para evitar um colapso ainda maior em Gaza.

O foco do exército israelita no desmantelamento da extensa rede de túneis do Hamas em Rafah resultou na destruição quase total da cidade, ilustrando a natureza devastadora do conflito: uma guerra subterrânea contra a infraestrutura militante com consequências catastróficas para a população e o ambiente urbano.

A desnutrição aguda entre mulheres grávidas em Gaza tornou-se um indicador crítico da crise humanitária, resultando num aumento alarmante da mortalidade neonatal e de bebés com baixo peso, uma tragédia que a UNICEF atribui diretamente à guerra e ao bloqueio da ajuda alimentar.

A diplomacia para a paz em Gaza é um esforço tripartido liderado pelos EUA, Qatar e Egito, cuja mediação é indispensável para manter o diálogo entre Israel e o Hamas e para tentar superar os impasses significativos, como o desarmamento, que bloqueiam uma solução duradoura.

A rejeição de Tony Blair para liderar a transição em Gaza, devido à sua controversa herança da Guerra do Iraque, demonstra a forte resistência do mundo árabe a figuras vistas como alinhadas com intervenções ocidentais passadas, complicando os esforços de Trump para construir um consenso sobre a governação pós-conflito.