Briefing: Crise humanitária em Gaza

O cessar-fogo em Gaza, em vigor desde outubro de 2025, é extremamente frágil, caracterizado por violações recorrentes e violência contínua.

Esta instabilidade compromete a transição para as fases futuras do acordo de paz e perpetua um clima de incerteza e sofrimento para a população civil.

A crise humanitária em Gaza é extrema, caracterizada por fome declarada pela ONU, destruição de infraestruturas e um colapso sanitário que afeta gravemente mulheres grávidas e recém-nascidos.

A ajuda internacional é insuficiente para responder às necessidades de mais de dois milhões de pessoas.

Um relatório da ONU que acusa Israel de genocídio em Gaza marcou um ponto de viragem no conflito, intensificando a condenação internacional e os apelos por responsabilização. Apesar da forte negação de Israel, a acusação impulsionou ações diplomáticas significativas, como o reconhecimento do Estado da Palestina por mais países.

O plano de paz liderado pelos EUA para Gaza propõe uma transição complexa que inclui a retirada militar, o desarmamento do Hamas e a instauração de uma nova autoridade governativa sob supervisão internacional.

O sucesso desta iniciativa depende da superação de significativos obstáculos políticos e de segurança entre as partes em conflito.

O Hamas condiciona o seu desarmamento ao fim da ocupação israelita e à criação de um Estado palestiniano, propondo, em alternativa, uma trégua de dez anos com o congelamento do seu arsenal.

Esta posição define os termos do grupo para as negociações de paz, colocando a soberania palestiniana como pré-requisito para o fim das hostilidades.

Com mais de 70.000 palestinianos mortos, 90% da população deslocada e mais de 80% das infraestruturas destruídas, a guerra em Gaza representa uma das maiores catástrofes humanas e materiais do século XXI.

O conflito deixou um legado de morte, destruição e trauma que marcará gerações.

A “linha amarela” tornou-se uma zona de morte em Gaza, onde centenas de palestinianos foram mortos por forças israelitas desde o cessar-fogo.

Esta violência persistente evidencia a fragilidade da trégua e o perigo contínuo enfrentado pela população civil deslocada.

A guerra em Gaza foi o catalisador para um conflito prolongado e mortífero entre Israel e o Hezbollah, alterando drasticamente a dinâmica de segurança na fronteira libanesa.

Apesar de um cessar-fogo, a situação permanece volátil, com ataques israelitas contínuos e uma paz incerta na região.

A guerra em Gaza destacou-se pela sua letalidade excecional contra jornalistas, com centenas de profissionais palestinianos mortos enquanto cobriam o conflito.

A proibição de acesso à imprensa internacional agrava a situação, tornando os jornalistas locais as principais e mais vulneráveis fontes de informação sobre a realidade no terreno.

A estratégia de Israel para o futuro de Gaza, articulada por Benjamin Netanyahu, foca-se numa “desradicalização” do território, um processo de transformação social profunda inspirado na Alemanha do pós-guerra. Esta visão define os objetivos a longo prazo de Israel para além da dimensão militar, visando uma mudança ideológica fundamental no enclave.