Briefing: Crise humanitária em Gaza

A fome em Gaza é uma realidade confirmada e devastadora, com um número crescente de mortes por subnutrição. A resposta internacional, embora existente, é considerada inadequada face à magnitude da crise, enquanto as divergências entre líderes como Netanyahu e Trump sobre a existência da fome evidenciam as profundas tensões diplomáticas em torno da catástrofe humanitária.

A acusação de genocídio formulada por duas importantes ONGs israelitas representa uma crítica interna sem precedentes à conduta do Estado de Israel. Esta denúncia, baseada em relatórios detalhados, intensifica a pressão sobre o governo de Netanyahu e reforça as alegações internacionais de que as ações militares em Gaza violam o direito internacional.

Apesar do crescente apoio diplomático à solução de dois Estados, impulsionado por iniciativas como a conferência da ONU e o anúncio da França, a oposição e o boicote por parte dos Estados Unidos e de Israel demonstram que o caminho para uma paz negociada permanece bloqueado por profundas divergências geopolíticas.

A política dos EUA para Gaza revela tensões significativas, com o Presidente Trump a contradizer publicamente Netanyahu sobre a crise de fome, enquanto enfrenta uma forte pressão do Partido Democrata para alterar a estratégia de ajuda humanitária e intensificar os esforços de paz. A complexidade do cenário é acentuada pelas acusações de interferência iraniana nas negociações.

As propostas de anexação e cerco total a Gaza e à Cisjordânia, discutidas abertamente no seio do governo israelita, revelam uma estratégia de endurecimento que prioriza o controlo territorial e a segurança unilateral. Esta abordagem radicaliza o conflito e afasta Israel da comunidade internacional, que continua a defender uma solução negociada.

Com mais de 60 mil mortos e ataques aéreos persistentes em zonas densamente povoadas como campos de refugiados, o custo humano da guerra em Gaza continua a aumentar de forma alarmante. A violência incessante e a destruição generalizada aprofundam a crise humanitária, tornando a vida no enclave cada vez mais insustentável.

O assassinato do ativista Awdah Hathaleen por um colono israelita, recentemente retirado de uma lista de sanções dos EUA, simboliza a escalada da violência na Cisjordânia. O caso realça a impunidade de que muitos colonos gozam e expõe as complexas ligações entre a política de sanções internacionais e a realidade no terreno.

O apelo do primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana para que o Hamas entregue o controlo e as armas em Gaza é um passo crucial na definição do futuro político palestiniano. A declaração sinaliza à comunidade internacional a prontidão da AP para governar, mas também evidencia a profunda fratura política interna que precisa de ser resolvida para qualquer solução de paz ser viável.

A proposta da Comissão Europeia de suspender parcialmente Israel do programa Horizonte Europa sinaliza uma possível viragem na abordagem da UE, passando da condenação verbal para a aplicação de medidas concretas. Esta ação de alavancagem financeira visa pressionar Israel a cumprir as suas obrigações humanitárias em Gaza, embora a sua aprovação dependa de um complexo equilíbrio político entre os Estados-membros.

A disseminação de desinformação sobre a fome em Gaza, através da manipulação e descontextualização de imagens, evidencia uma batalha de narrativas que visa moldar a opinião pública. Esta guerra de informação, travada em ambos os lados, obscurece a verdade sobre a catástrofe humanitária e alimenta o ódio, tornando mais difícil uma resposta baseada em factos.