Briefing: Presidenciais 2026

O início dos 28 debates presidenciais marca um momento decisivo na campanha, sendo encarado como uma oportunidade para os candidatos solidificarem apoios e conquistarem indecisos.

Apesar da sua importância para o escrutínio democrático, existe a preocupação de que a tática e a performance mediática se sobreponham à substância das propostas.

A recusa em alargar a transmissão a mais canais gerou controvérsia, sublinhando a centralidade destes eventos na cobertura mediática da eleição.

As sondagens indicam uma corrida presidencial renhida, com Marques Mendes e Gouveia e Melo em empate técnico na liderança, seguidos de perto por António José Seguro e André Ventura.

O cenário aponta para uma elevada probabilidade de uma segunda volta, algo inédito em quase 40 anos, tornando a campanha e os debates ainda mais cruciais para o desfecho eleitoral.

A controversa reforma laboral e a consequente marcação de uma greve geral unindo CGTP e UGT dominaram o debate político, obrigando os candidatos presidenciais a posicionarem-se.

A maioria apela a um acordo com os parceiros sociais, com a esquerda a prometer oposição firme à lei em Belém, refletindo a centralidade do tema na definição das diferentes candidaturas.

A decisão do PS de requerer a fiscalização preventiva da Lei da Nacionalidade pelo Tribunal Constitucional introduziu um novo foco de debate na pré-campanha. A medida dividiu os candidatos: enquanto André Ventura a criticou veementemente, os restantes candidatos, de Gouveia e Melo a Cotrim de Figueiredo, reconheceram a legitimidade da ação, embora com diferentes ênfases sobre a necessidade da lei.

A pré-campanha presidencial aqueceu com uma série de ataques diretos entre os candidatos.

Marques Mendes criticou a falta de “nível” de Ventura e a inexperiência de Gouveia e Melo, que por sua vez pediu mais elevação no debate.

As acusações cruzadas entre os principais contendores sinalizam uma fase mais agressiva da corrida a Belém.

António José Seguro fortaleceu a sua candidatura ao nomear a cientista Maria do Carmo Fonseca como mandatária nacional, um gesto que visa projetar uma imagem de independência e valorização do conhecimento.

Juntamente com promessas como as “presidências abertas”, Seguro tenta posicionar-se como um candidato reformista e agregador, capaz de romper com o “pântano” da política atual.

A candidatura de Henrique Gouveia e Melo foi abalada por uma controvérsia sobre os seus motivos para concorrer, após uma notícia da Lusa que o próprio classificou como falsa.

A agência manteve a sua versão, baseada num livro de entrevistas, gerando um debate sobre a relação do candidato com a comunicação social e sendo explorada politicamente pelos seus adversários diretos.

A forma como o próximo Presidente lidará com o Chega e a instabilidade governativa é um tema central.

Enquanto as sondagens mostram que os portugueses preferem um Presidente imparcial e que evite crises, os candidatos dividem-se nas suas abordagens, desde a garantia de tratamento igualitário a linhas vermelhas claras, refletindo as diferentes visões sobre os limites dos poderes presidenciais.

Os cartazes de campanha de André Ventura geraram controvérsia e levaram à abertura de um inquérito pelo Ministério Público e a uma ação cível para a sua remoção. O episódio dominou o debate, com Ventura a defender-se em nome da liberdade de expressão e os restantes candidatos a dividirem-se sobre a melhor forma de combater o discurso do Chega, se na arena política ou na judicial.

Catarina Martins e António Filipe afirmam as suas candidaturas no espectro da esquerda, com críticas contundentes à reforma laboral do Governo e aos candidatos mais moderados, como António José Seguro.

Ambos lamentam a falta de uma candidatura unificada, mas utilizam a plataforma presidencial para defender as suas agendas políticas e os valores que representam.