Briefing: Presidenciais 2026

A controvérsia sobre a motivação da candidatura de Gouveia e Melo expôs a tensa relação entre o almirante e o Presidente da República, ao mesmo tempo que forneceu aos seus principais adversários uma oportunidade para questionar a sua estabilidade e temperamento político.

A polémica dos cartazes de André Ventura tornou-se um dos principais focos da pré-campanha, transferindo o debate político para a arena judicial e testando os limites da liberdade de expressão face ao discurso de ódio.

A greve geral serviu de catalisador para os candidatos presidenciais demarcarem as suas visões sobre o modelo social e económico do país, com a esquerda a apoiar a contestação e os candidatos mais ao centro a apelarem à concertação social.

O confronto direto entre Marques Mendes e Gouveia e Melo evidencia uma estratégia de polarização para captar o eleitorado de centro-direita, com ambos os candidatos a tentarem descredibilizar o perfil e a preparação do adversário para o cargo de Presidente.

A intervenção de Cavaco Silva solidificou o apoio do establishment do PSD a Marques Mendes e intensificou a polarização com Gouveia e Melo, que usou as críticas para reforçar a sua imagem de candidato anti-sistema.

Ao levar a Lei da Nacionalidade ao Tribunal Constitucional, o PS transferiu uma grande batalha legislativa para a arena constitucional, obrigando os candidatos presidenciais a pronunciarem-se sobre os limites da soberania, os direitos dos cidadãos e a influência da direita radical na legislação.

A convergência dos candidatos da esquerda na oposição à reforma laboral e na crítica a António José Seguro marcou a sua estratégia de campanha, procurando afirmar uma alternativa clara e mobilizar o eleitorado mais à esquerda insatisfeito com a moderação do candidato socialista.

Ao assumir os custos das suas propostas e ao definir uma linha de atuação firme mas institucional perante o Chega, Cotrim Figueiredo procura consolidar o seu perfil de candidato reformista e garante da ordem constitucional, apelando a um eleitorado descontente com o status quo.

António José Seguro aposta numa imagem de moderação e capacidade de diálogo para se afirmar como o candidato capaz de unir o país, demarcando-se tanto da contestação da esquerda radical como das polémicas que envolvem os seus adversários diretos.

Enquanto prepara a sua saída da vida política ativa, Marcelo Rebelo de Sousa continua a ser uma figura central no debate nacional, procurando exercer um poder moderador nas crises políticas e demarcar-se das polémicas da campanha presidencial, apesar de ser frequentemente envolvido nelas.