Briefing: Donald Trump

A paralisação do governo federal, motivada por um desacordo sobre subsídios de saúde, foi politizada pela administração Trump, que a utilizou para ameaçar com despedimentos e cortes financeiros direcionados a estados e projetos democratas.

Esta estratégia resultou na suspensão de centenas de milhares de funcionários e na intensificação da polarização política em Washington.

O plano de paz de Donald Trump para Gaza, embora aceite por Israel, enfrenta obstáculos significativos devido à profunda desconfiança do Hamas, que exige garantias internacionais e se opõe ao desarmamento.

As declarações contraditórias do governo israelita e a divisão interna no Hamas tornam a implementação do acordo altamente incerta, apesar da forte pressão diplomática dos EUA.

A declaração de um "conflito armado" contra cartéis pela administração Trump serviu de pretexto para uma presença militar assertiva perto da Venezuela, provocando uma forte condenação de Caracas. O governo venezuelano interpreta as ações dos EUA como uma violação direta da sua soberania, resultando numa perigosa escalada de tensões na região.

A decisão de Donald Trump de mobilizar a Guarda Nacional e outras forças federais para cidades lideradas por Democratas representa uma escalada significativa na politização das forças armadas.

A medida, justificada como necessária para a segurança interna, é vista por críticos como uma violação das normas legais e constitucionais, alimentando um debate aceso sobre os limites do poder presidencial e o papel dos militares na sociedade civil.

A administração Trump, através do Secretário da Defesa Pete Hegseth, está a impor uma profunda mudança cultural nas Forças Armadas, rejeitando políticas de diversidade e inclusão em favor de um "ethos guerreiro" focado em padrões físicos masculinos e numa estética militar tradicional.

Esta reforma controversa visa expurgar o "wokismo" e o "politicamente correto", sinalizando uma reorientação ideológica da maior força militar do mundo.

A administração Trump intensificou a sua guerra comercial com a imposição de tarifas punitivas de até 100% sobre produtos estratégicos como medicamentos e filmes, além de taxas sobre camiões e mobiliário.

Esta política visa forçar a deslocalização da produção para os EUA, mas arrisca-se a perturbar as cadeias de abastecimento globais e a aumentar as tensões com parceiros comerciais chave.

A política de imigração da administração Trump é marcada por uma abordagem agressiva que atrai condenação internacional, incluindo do Vaticano, e gera confrontos no terreno. A utilização da agência ICE como instrumento de intimidação política e os relatos de abuso de força contra civis e jornalistas refletem uma estratégia que prioriza a aplicação rigorosa da lei em detrimento de preocupações humanitárias.

A abordagem da administração Trump à guerra na Ucrânia é caracterizada por uma tensão entre a dissuasão militar e o envolvimento diplomático pessoal. Ao mesmo tempo que pondera armar a Ucrânia com mísseis de longo alcance, arriscando uma escalada com a Rússia, Trump cultiva uma relação pessoal com Putin, criando uma política externa imprevisível que deixa aliados e adversários em suspense.

A administração Trump utiliza uma dupla abordagem nas suas batalhas legais: por um lado, negoceia acordos financeiros avultados com gigantes da tecnologia para resolver disputas; por outro, exerce pressão pública e política sobre o Departamento de Justiça para iniciar processos contra os seus adversários, como James Comey, esbatendo as fronteiras entre a política e a justiça.

A administração Trump elevou o Qatar a um estatuto de aliado estratégico privilegiado no Golfo, através de um decreto de segurança que vincula a defesa do emirado à segurança nacional dos EUA.

Esta ação, desencadeada por um incidente diplomático com Israel, solidifica o papel do Qatar como parceiro indispensável para Washington na região, tanto a nível militar como diplomático.