
Há em Bragança, nestes dias de outono, uma cidade que observa, atenta, as direções em que cada um se move.
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Há em Bragança, nestes dias de outono, uma cidade que observa, atenta, as direções em que cada um se move.


Isabel Ferreira tomou posse na sexta-feira, como presidente da Câmara Municipal de Bragança, encerrando 28 anos de governação social-democrata.



O Futebol Clube de Vinhais impôs-se com autoridade no dérbi concelhio diante do Rebordelo, vencendo por 5-1, e assumiu a liderança isolada do Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Bragança.

A campanha da azeitona em Trás-os-Montes e Alto Douro começou mais tarde do que o habitual, devido à falta de chuva e às temperaturas elevadas que marcaram o verão e o início do outono.

Há números que falam mais do que longos discursos. Quatrocentos e vinte bebés nasceram em Bragança entre janeiro e setembro deste ano. Quatrocentas e vinte novas vidas num distrito inteiro. É o número mais baixo de Portugal. E, mais uma vez, o último lugar.
Será alguém criminoso por se vestir de modo distinto, por transformar o corpo em tela de expressão com tatuagens, piercings, alargadores ou botox? A resposta é evidente: não! A diversidade é o rosto mais belo da humanidade! Vivemos num mundo plural, onde a cor da pele, a língua falada, o uso que damos ao corpo e o vestuário que trajamos são manifestações legítimas da mesma condição humana — a riqueza da diversidade! Os trajes tradicionais — o kilt escocês, o lederhosen da Baviera, o tirolês Italiano, o sarafan da Rússia, o sari indiano, o áo dài do Vietname, a galabeya do Egito, o shúkà dos Masai do Quénia, o traje zulu da África do Sul, os caretos do Nordeste Transmontano, os bugios de Valongo ou os cardadores de Vale de Ílhavo – assim como as tatuagens da Polinésia ou os alargadores das tribos africanas são uma narrativa viva de história, fé e identidade cultural, ou como sentenciava Santo Agostinho “Vestis sermo corporis” – A roupa é a linguagem do corpo! Aceitamo-los com fascínio quando cruzamos as avenidas cosmopolitas de Lisboa, Paris, Londres ou Nova York onde o mundo se veste de mil cores. Se assim é — se é natural acolhermos a diversidade cultural e simbólica das indumentárias e vivências do mundo — porque razão a burca ou o niqab são vistos como uma ameaça, e não como mais uma manifestação da mesma diferença que enriquece o tecido social? Porque é que daqui em diante quem os trajar será CRIMINOSO? R: Se é por uma razão de perigo ou insegurança, então não é preciso legislar, porque a lei já permite hoje exigir que se descubra o rosto para identificação correcta e completa de todas as pessoas, impondo já que ninguém entre com a cara tapada num estabelecimento bancário, que destape a cara perante um Juiz para se identificar, ou até mesmo perante um qualquer polícia que lho exija! R: Se é para proteger a mulher contra as impiedosas imposições de seus pais e/ou marido, e permitir assim que a Mulher se afirme na sua plena liberdade, então não é preciso legislar, porque já temos em Portugal o crime de violência doméstica, e com esta proibição, a existir alguma castração de liberdade, essa aumentará ainda mais, confinando a Mulher à prisão da sua própria casa! R: Se é por uma questão cultural, então não é preciso legislar, porque a burca não ofende a minha cultura, é apenas indumentária de uma cultura diferente da minha! A Constituição da República Portuguesa proclama, no seu artigo 1º, que Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da Pessoa Humana. Dignidade significa autonomia, liberdade de consciência, direito a ser diferente — e não uniformização imposta! O artigo 41.º da mesma Constituição consagra a liberdade religiosa como inviolável e o artigo 13.º assegura a igualdade sem discriminação por motivos religiosos. Ora, uma lei que criminaliza o uso da burca cria, na verdade, uma limitação injustificada a ambos os direitos: viola a liberdade de manifestação da fé e atinge desproporcionalmente um grupo religioso minoritário — as mulheres muçulmanas. O olhar que admira o traje tirolês, baiano ou o sari indiano não pode temer o véu islâmico. Ambos são símbolos de identidade e espiritualidade. O verdadeiro teste de maturidade cívica de uma sociedade não é a forma como tolera o que lhe é familiar, mas como respeita o que lhe é estranho. É certo que nenhum direito fundamental é absoluto: a segurança é também um valor constitucional protegido. Assim, a liberdade de trajar conforme a fé pode e deve ceder perante a necessidade legítima de identificação perante autoridades policiais, fronteiriças ou judiciais. Nesses casos, o dever de se descobrir é necessário, adequado e proporcional — como prevê o artigo 18.º da CRP. Mas transformar a exceção em regra será trair o espírito da liberdade religiosa consagrado no artigo 41.º. A regra deve ser a da tolerância e da convivência pacífica com aqueles que estão legalmente em Portugal! Se cá não podiam ou não deviam estar – se queremos discutir o regime de entrada e permanência de estrangeiros em Portugal – essa é uma outra discussão a montante desta, e bem diferente desta que agora nos ocupa! Mas depois de cá estarem válida e regularmente, não me parece justo, nem sequer adequado, e muito menos razoável proibi-los de usar burca ou krakowiak ou kilt. A liberdade de consciência e de culto – inviolável em Portugal – não vive apenas no íntimo das crenças, no segredo das consciências, no íntimo das nossas casas, mas manifesta-se também no espaço público, nos gestos, nos símbolos e nas vestes. O Estado é aconfessional e não deve identificar-se com uma determinada religião, nem ser um instrumento ao serviço duma qualquer Igreja. Mas também não pode assumir uma posição anticlerical ou de hostilidade perante um qualquer culto, antes pelo contrário! Conforme refere “o pai da Constituição” Jorge Miranda, a liberdade religiosa além da sua vertente negativa (pati) ou tolerância – que consiste em um Estado não impor, nem proibir, a ninguém a prática de determinada religião – ela tem também uma vertente positiva (facere) no sentido do Estado “permitir e propiciar a quem seguir determinada religião o cumprimento dos deveres que dela decorrem em matéria de culto de família ou de ensino.” O vestuário, quando escolhido por livre convicção pessoal, é parte dessa liberdade. Proibir a burca seria amputar o direito de autodeterminação que a Constituição reconhece a todos, seria negar a possibilidade de ajustar a sua vida e sua liberdade de expressão, com aquilo que é a sua convicção e de manifestar no espaço público a sua crença religiosa. Nesta mesma esteira, o Legislador poderá amanhã lembrar-se de proibir os andores e as procissões e as manifestações de fé pelo espaço público das nossas aldeias e cidades… Aceitar a diferença é aceitar o outro como SUJEITO, e não como SUSPEITO! Se não sentimos ameaça em conviver com quem veste o kimono, o poncho andino ou o sarafan russo, ou o traje dos caretos de Trás-os-montes, do bugio de Sobrado ou dos cardadores de Vale de Ílhavo, nem nos sentimos em perigo em tomar café com quem tem o corpo todo tatuado ou coberto de piercings ou alargadores, também não devemos sentir ameaça em cruzar a rua com uma mulher que cobre o rosto por motivos da sua fé! O respeito pela diferença é o grau supremo da civilização e sociedades livres não temem o que é diferente — compreendem-no e protegem-no. A uniformidade pode dar a ilusão de ordem, mas é a diversidade que dá sentido à humanidade! Portugal, nação de mares abertos e encontros de povos, não pode renegar a sua vocação universalista. Fomos pioneiros no diálogo entre culturas e ser português é, desde os Descobrimentos, ser capaz de olhar o outro com curiosidade e respeito. Foi assim que aprendemos o valor do pluralismo e é assim que devemos continuar: fiéis à nossa história, à nossa Constituição e à ideia de que a liberdade se mede pela coragem de proteger o que é diferente! Não sou mulher, não sou muçulmano, e não me move particular simpatia pela utilização da burca ou do niqab mas, com Voltaire, afirmo: “Posso não concordar com o que dizes [ou vestes], mas defenderei até à morte o teu direito de o dizer [ou de o vestir].” Ricardo Vara Cavaleiro Advogado ricardovaracavaleiro@gmail.com Www.rvc-advogados.pt Por exclusiva opção do autor, o texto foi escrito em Português de Portugal, ao abrigo do Acordo Ortográfico anterior ao Acordo de 1990.
Depois de conseguir um cessar fogo no Médio Oriente e dar ao Mundo a sensação de uma vitória, pelo menos temporária, entre Israel e o Hamas, Trump Virou-se para a Rússia na esperança de conseguir mostrar a Putin o caminho para outro cessar fogo na Ucrânia. Com um encontro agendado para Bucareste, que à Europa sempre pareceu despropositado pelas lembranças de outros anteriores que falharam, Putin, inseguro, adiou a ida à Hungria, dando a Trump a certeza de que queria continuar a manobrar a guerra. Se uns dizem que foi Trump que assim decidiu, outros dizem que foi Putin a mostrar ao presidente americano que é ele que manda e decide sobre a guerra na Ucrânia. Aquilo que sobressai aos olhos da comunidade internacional é que Putin tem feito gato-sapato de Trump e este nada faz a esse respeito. Será que é tão tonto e egocêntrico que não percebe isso mesmo? Bem, seja como for, os seus conselheiros não serão feitos da mesma massa e, para bem dele e dos americanos, já lhe devem ter dito mais do que uma vez para ter cuidado com o líder russo. Ora, perante os últimos acontecimentos, parece que Trump resolveu dar um ar da sua graça e mostrar a Putin que os trunfos não estão só do lado russo. Embora continue a dizer que é amigo de Putin, o certo é que lhe vai impor sanções económicas drásticas, proibindo a importação de petróleo das duas principais refinadoras russas. Vladimir veio a terreiro admitir que estas sanções, apesar de serem economicamente muito importantes e mexerem com toda a economia russa, não deitariam a baixo a Federação Russa e seriam um passo para travar as negociações entre os dois países. Isto é bem demonstrativo da situação económica que vive a Rússia neste momento, embora queira fazer crer o contrário. Mas o pior estava para chegar. Trump resolveu virar-se para a China e iniciar acordos económicos, ao mesmo tempo que dava mais importância aos países asiáticos, com quem os EUA sempre tiveram linhas económicas importantes. E depois de deixar no ar a incerteza sobre os Tomahawk a ceder à Ucrânia e se entender com a Índia nas questões petrolíferas, conseguiu ainda ser mediador no acordo de paz entre a Tailândia e o Camboja, retirando dividendos importantes e marcando pontos internacionalmente, deixando Putin para trás e com os receios inerentes a toda esta movimentação, Trump põe no líder russo um peso enorme que vai ser custoso aguentar. Para cúmulo, diz na comunicação social que só aceitará reunir com Putin quando ele terminar a guerra. Estava traçado o triangulo que dará certamente a Trump o poder que persegue, fazendo Putin ir atrás do prejuízo. Para agravar a situação de Moscovo, Trump adiantou que iria reunir-se com o líder da Coreia do Norte, para tratar de assuntos económicos. Ora isto foi um duro golpe para Putin, que se viu relegado para um plano inferior e logo enviou a Washington um representante seu para reunir com homólogo americano. Se Trump resolve dar mais importância a XI, que é, de certo modo, aliado de Putin, pelo menos economicamente e também chama à liça outro aliado que é Kim e ainda, na outra ponta, se alia com Modri, é bem verdade que a Rússia está a perder o que conseguiu nos últimos tempos e isto mexe muito com o ego de poder que Putin possui. Por isso mesmo achou necessário dizer em conferência de imprensa, que preferia as negociações ao confronto e o diálogo à guerra. Deste modo, Trump virou o jogo e agora é Putin que vai atrás dele na esperança de chegarem a um entendimento. Também é verdade que a Rússia continua a bombardear e a destruir cidades ucranianas, mas nada mais pode fazer para manter alguma coerência e mostrar que ainda tem poder, pelo menos nesta vertente da guerra. Contudo, a economia russa está cada vez mais debilitada e Putin sabe disso, razão pela qual subiu os impostos e a inflação está cada vez mais alta a par do nível de vida. Até quando os russos vão aguentar? Assim, parece que Trump, aconselhado ou não, resolveu bater com a porta e trancar Putin na sua sala de poder, enquanto abriu outras para dar esperanças aos americanos e assegurar uma economia em crescendo que lhe renderá alguns votos. Entretanto, mantém-no fora de um triangulo importante que lhe dará certamente o poder necessário para negociar com Putin quando for necessário e este chegar à conclusão que é fulcral para a sua sobrevivência. É uma jogada de mestre, quase impensável vinda do líder americano, mas que resultará a seu favor num futuro próximo. Aliás, já está a resultar. Putin anda atrás do prejuízo. Afinal, a guerra não é a única solução. Não é mesmo solução nenhuma. Luís Ferreira Luís Ferreira

Bragança mantém-se, uma vez mais, como o distrito do país onde nascem menos bebés. Segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Saúde Dr.

O Clube Atlético de Macedo de Cavaleiros atravessa uma das maiores crises da sua história.

Em Trás-os-Montes, a amendoeira é mais do que uma árvore, é um símbolo que a primavera com a sua floração, cobrindo os vales de concelhos como Torre de Moncorvo, Mogadouro, Mirandela e Freixo de Espada à Cinta com um véu de beleza que, por uns dias, parece prometer fartura.

Há primaveras que trazem flores e promessas. Outras, como a de 2025, deixam apenas o rasto amargo de um compromisso por cumprir.

Há momentos em que a vontade de um povo marca um ponto de viragem na história de uma terra. As eleições autárquicas de domingo ficam inscritas na história de Bragança como uma dessas raras ocasiões em que a vontade popular rompeu com o hábito e com o peso do passado.