Briefing: Crise na habitação

O aumento recorde do valor de avaliação bancária para quase 2.000 €/m² confirma a intensificação da crise de acessibilidade à habitação, dificultando a obtenção de crédito e aumentando a pressão financeira sobre as famílias portuguesas.

A redução do IVA na construção para 6% é uma das principais apostas do Governo para aumentar a oferta de habitação acessível, mas o seu impacto prático será retardado, com os efeitos mais significativos a manifestarem-se apenas a partir de 2027.

A realização de protestos em várias cidades do país, com a habitação como uma das principais reivindicações, demonstra a crescente urgência social da crise e a exigência por parte dos cidadãos de que o tema seja tratado como uma prioridade política fundamental.

A venda de um significativo lote de imóveis do Estado constitui uma medida concreta e de grande dimensão financeira para capitalizar os programas de habitação pública, demonstrando a intenção do Governo de usar o seu próprio património para mitigar a crise de oferta.

O inquérito da ALP revela que a instabilidade legislativa é o principal entrave à dinamização do mercado de arrendamento, com os proprietários a mostrarem-se céticos e a priorizarem a segurança jurídica sobre os benefícios fiscais, o que pode limitar o impacto das medidas governamentais.

A centralidade dada à crise habitacional pelo novo executivo de Guimarães evidencia a sua transformação num tema decisivo na política local, com os municípios a serem chamados a assumir um papel proativo na criação de mais oferta e na garantia do acesso a uma casa digna.

O crescente interesse na construção pré-fabricada, tanto por parte de consumidores como de decisores políticos, posiciona a industrialização do setor como uma resposta promissora para aumentar a oferta de habitação de forma mais rápida, económica e sustentável.