Briefing: Os números da semana

A decisão do BCE de manter os juros em 2% marca uma viragem para uma postura de maior cautela, influenciada pela estabilização da inflação em torno da meta e pela crescente incerteza geopolítica e comercial. Embora um novo corte de juros até ao final do ano não esteja descartado, a autoridade monetária sinaliza que futuras decisões dependerão estritamente da evolução dos dados económicos.

A aproximação do prazo de 1 de agosto coloca enorme pressão sobre as negociações comerciais entre EUA e UE. Um acordo para uma tarifa de 15% parece ser o cenário mais provável, evitando uma escalada protecionista, mas a UE mantém-se preparada para retaliar com um pacote robusto, evidenciando a fragilidade das relações comerciais transatlânticas.

As novas tabelas de IRS proporcionam um alívio financeiro imediato nos próximos meses, isentando os rendimentos mais baixos de retenção em agosto e setembro. No entanto, esta antecipação de rendimento resultará, para muitos contribuintes, numa diminuição do reembolso ou na necessidade de pagar imposto adicional no acerto de contas de 2026.

A quebra acentuada nos lucros, receitas e vendas da Tesla no segundo trimestre evidencia os desafios que a empresa enfrenta, exacerbados pela volatilidade do mercado e pelas controvérsias em torno do seu CEO. A admissão de “trimestres difíceis” por Elon Musk sinaliza um período de incerteza, com a empresa a precisar de navegar um ambiente económico e político complexo para recuperar a confiança dos investidores.

A forte quebra nos lucros do Grupo Volkswagen no primeiro semestre reflete a pressão combinada de custos de reestruturação, investimentos em descarbonização e, crucialmente, o impacto das tarifas comerciais norte-americanas. A queda acentuada na rentabilidade das marcas de luxo Audi e Porsche evidencia a vulnerabilidade do setor a um ambiente macroeconómico e geopolítico adverso.

Os dados do INE de 2023 revelam um aumento do rendimento mediano em Portugal, mas acentuam as profundas desigualdades territoriais. Enquanto municípios como Oeiras e Lisboa consolidam a sua posição como polos de riqueza, regiões do interior Norte, como o Tâmega e Sousa, continuam na cauda do país, evidenciando a necessidade de políticas de coesão territorial mais eficazes.

A introdução do IBAN português pela Revolut representa um ponto de viragem para o setor bancário nacional, intensificando a concorrência com os bancos tradicionais. Ao facilitar serviços essenciais e lançar produtos de poupança competitivos, a fintech posiciona-se para captar uma fatia significativa do mercado e cumprir a sua ambiciosa meta de crescimento.

A greve dos trabalhadores da Menzies está a ter um impacto considerável na operação dos aeroportos nacionais, especialmente em Lisboa, durante a época alta. As reivindicações por salários dignos e melhores condições de trabalho prometem manter a pressão sobre a empresa e o setor aéreo ao longo do verão, com potencial para mais perturbações.

O mercado de crédito à habitação em Portugal está a viver um período de forte expansão, com o crescimento mais rápido dos últimos 17 anos. Embora a conjuntura de juros mais baixos e apoios estatais impulsione a procura, o aumento do endividamento das famílias a montantes elevados representa um risco significativo perante futuras flutuações nas taxas de juro.

Os resultados do primeiro semestre das gigantes do papel Altri e Navigator ilustram a forte vulnerabilidade do setor às dinâmicas do mercado global, nomeadamente às flutuações de preços e às políticas comerciais. As quedas expressivas nos lucros, superiores a 45%, sublinham a necessidade de diversificação e gestão de risco num cenário de crescente incerteza económica.

O significativo reforço da linha de crédito para Angola, que agora totaliza 3,25 mil milhões de euros, sublinha a importância estratégica das relações económicas luso-angolanas. A medida visa impulsionar o investimento privado português e fortalecer os laços comerciais, num claro sinal de confiança política e económica no desenvolvimento de Angola.

Apesar da quebra generalizada no mercado automóvel europeu, a transição para veículos eletrificados continua a acelerar, com os híbridos a liderarem a preferência dos consumidores. O crescimento dos elétricos, embora positivo, revela-se insuficiente para atingir as metas ambientais, enquanto a concorrência se intensifica com a ascensão de marcas como a Volkswagen e a quebra da Tesla.