Briefing: Conflitos, guerras e tensões

A semana foi marcada por um ponto de viragem nas negociações de paz, com a Ucrânia a admitir pela primeira vez a possibilidade de um referendo sobre concessões territoriais e a criação de uma zona desmilitarizada no Donbass. Esta nova postura, impulsionada pela pressão dos EUA, coexiste com a contínua hostilidade no terreno e o ceticismo de Moscovo, configurando um cenário diplomático complexo e incerto.

A apreensão do petroleiro 'Skipper' e a imposição de novas sanções pelos EUA intensificam o confronto com o regime de Nicolás Maduro. A resposta de Caracas, que acusa Washington de "pirataria", e a ligação do evento à crise política interna, exemplificada pela fuga de María Corina Machado, demonstram a fragilidade da estabilidade regional e o risco de uma escalada militar.

A fuga de María Corina Machado para receber o Prémio Nobel da Paz em Oslo evidenciou a sua resiliência e a pressão internacional sobre o regime de Maduro.

A operação secreta, com alegado apoio dos EUA, e as suas declarações na Noruega reforçaram o seu estatuto de líder da oposição, prometendo continuar a luta pela democracia na Venezuela, apesar dos enormes riscos pessoais.

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, elevou o nível de alerta ao afirmar que a Rússia representa uma ameaça direta e iminente, podendo atacar um membro da aliança em cinco anos. O seu apelo a uma “mentalidade de guerra” e ao reforço imediato da defesa europeia assinala um momento crítico nas relações com Moscovo e um apelo urgente para o fim da complacência ocidental.

A União Europeia está a finalizar um plano para congelar de forma permanente os ativos russos, utilizando uma base jurídica de emergência para ultrapassar o veto da Hungria. A medida visa criar um empréstimo para a reconstrução da Ucrânia, mas enfrenta ainda a oposição da Bélgica, que exige garantias de segurança contra possíveis retaliações de Moscovo, tornando a próxima cimeira europeia decisiva.

A Alemanha elevou o tom contra a Rússia, acusando-a diretamente de ciberataques e de tentar interferir nas suas eleições federais. A convocação do embaixador russo e a ameaça de novas medidas diplomáticas marcam um ponto de viragem na resposta de Berlim às atividades híbridas de Moscovo, alinhando-se com ações semelhantes de outros parceiros europeus como o Reino Unido.

A semana foi marcada por uma perigosa escalada militar na fronteira israelo-libanesa, com ataques aéreos israelitas aprofundados em território libanês e um incidente direto com as forças da ONU.

Simultaneamente, o Líbano assinalou um distanciamento diplomático do Irão, num complexo equilíbrio entre as pressões internas para desarmar o Hezbollah e a contínua ameaça de um conflito mais vasto com Israel.

A tempestade 'Byron' exacerbou a catástrofe humanitária em Gaza, causando mortes e aumentando o risco de doenças para centenas de milhares de deslocados. As agências da ONU alertam para a urgência de um acesso humanitário sem restrições para mitigar o sofrimento de uma população que vive em condições extremas, agravadas pelas inundações e pelo frio.

A retoma dos confrontos armados na fronteira entre a Tailândia e o Camboja provocou uma crise humanitária com dezenas de mortos e centenas de milhares de deslocados. A instabilidade levou à dissolução do parlamento tailandês e a uma nova tentativa de mediação por parte dos EUA, enquanto a situação no terreno permanece tensa e perigosa.

A semana assistiu a uma perigosa escalada de tensão entre a China e o Japão, com incidentes militares, exercícios conjuntos com os EUA e uma retórica diplomática agressiva.

As disputas sobre Taiwan e a memória histórica do Massacre de Nanjing continuam a alimentar a desconfiança, num cenário de crescente rivalidade militar na região da Ásia-Pacífico.

A nova Estratégia de Segurança Nacional da administração Trump gerou alarme e repúdio na Europa, ao criticar os aliados e, segundo relatórios não oficiais, ao planear o enfraquecimento da UE.

A retórica isolacionista e as ações unilaterais de Washington marcam um ponto de viragem nas relações transatlânticas, forçando a Europa a repensar a sua autonomia estratégica e a sua aliança com os Estados Unidos.