Briefing: Conflitos, guerras e tensões

A crise em Gaza aprofunda-se com uma catástrofe humanitária iminente e um impasse diplomático, apesar dos apelos internacionais e da ajuda limitada. A divergência entre aliados como os EUA e Israel sobre a fome e as acusações internas de genocídio marcam um ponto de viragem crítico no conflito.

A dinâmica da guerra na Ucrânia alterou-se com a pressão diplomática intensificada por Trump, que foi recebida com uma brutal demonstração de força por parte da Rússia. Simultaneamente, a sustentabilidade do esforço de guerra russo é questionada, evidenciada pela sua crescente dependência de aliados e pela necessidade de alterar as suas políticas de recrutamento.

O acordo comercial entre os EUA e a UE evitou uma guerra tarifária total, mas o seu conteúdo, visto como assimétrico e favorável aos interesses americanos, gerou uma profunda divisão na Europa, com acusações de capitulação e preocupações sobre o futuro da autonomia estratégica e económica do bloco.

A instabilidade social em Luanda, marcada por protestos violentos, mortes e centenas de detenções, revela profundas tensões económicas e sociais em Angola. A situação gerou uma resposta firme do governo angolano e preocupações diplomáticas em Portugal sobre a segurança da sua diáspora.

A intervenção diplomática internacional, liderada pela Malásia e pressionada pelos EUA, foi crucial para alcançar um cessar-fogo entre a Tailândia e o Camboja, pondo fim a um dos conflitos fronteiriços mais mortíferos na região na última década. Apesar das tensões iniciais, o acordo parece estar a ser implementado, trazendo alívio a uma situação humanitária preocupante.

As múltiplas frentes de tensão entre os EUA e a China, desde o comércio à soberania de Taiwan e alianças militares, indicam uma rivalidade estratégica profunda e complexa. Embora ambos os lados mantenham canais de diálogo abertos, as ações diplomáticas e militares recentes sugerem uma crescente desconfiança e competição pelo domínio geopolítico na Ásia-Pacífico.

O Irão continua a ser um ator central em múltiplos focos de tensão global, desde o Médio Oriente até à Europa de Leste. As acusações de interferência, as suas ambições nucleares e o seu papel como fornecedor militar para a Rússia solidificam a sua posição como um dos principais desafios à estabilidade internacional.

A Síria continua a ser um barril de pólvora, com conflitos sectários internos a serem exacerbados por intervenções de potências regionais como Israel e pela influência diplomática da Rússia. A transição pós-Assad revela-se extremamente frágil, enquanto a justiça internacional procura responsabilizar o antigo regime pelos seus crimes.

A ameaça de tarifas por parte dos EUA, politicamente motivada pelo caso de Jair Bolsonaro, criou uma grave crise nas relações com o Brasil. A situação evidencia a utilização da política comercial como ferramenta de pressão diplomática pela administração Trump e abre espaço para a China reforçar a sua influência na América Latina.

A situação política na Venezuela permanece num impasse, com a oposição a manter a sua reivindicação de vitória nas eleições de 2024 e a apelar à resistência, enquanto o regime de Maduro consolida o seu poder a nível local. As denúncias de repressão e a pressão internacional continuam a marcar o cenário de um país em profunda crise.

O caso Epstein continua a ser uma fonte de grande instabilidade para a administração Trump, gerando desconfiança e acusações de que a política externa está a ser instrumentalizada para desviar as atenções. As revelações contínuas e os interrogatórios a figuras-chave como Ghislaine Maxwell prometem manter o escândalo no centro do debate político.

A decisão da França de reconhecer o Estado da Palestina marca uma viragem diplomática significativa, isolando ainda mais a posição de Israel e dos EUA. Embora a medida seja simbólica, aumenta a pressão internacional por uma solução de dois Estados e evidencia as profundas divisões no seio do Ocidente sobre como abordar o conflito israelo-palestiniano.

A Síria enfrenta um período crítico, com a violência sectária a ameaçar a estabilidade da transição pós-Assad e a atrair a intervenção de potências externas. As próximas eleições legislativas serão um teste crucial para as novas autoridades, que têm de gerir complexas dinâmicas internas e pressões geopolíticas para evitar a fragmentação do país.